Uma reunião da congregação da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) definiu a criação de uma comissão para elaborar medidas de segurança para o prédio. Professores, alunos e servidores administrativos se reuniram na tarde desta terça-feira durante três horas e discutiram as denúncias de tráfico de drogas na faculdade. O ponto mais polêmico é o pedido de parte da comunidade acadêmica para que seja estabelecida uma forma de controle de acesso ao prédio na Avenida João Pinheiro, na Região Central de Belo Horizonte.
A comissão será composta por três alunos, três professores e três servidores técnicos e administrativos. De acordo com a assessoria da Faculdade de Direito, os integrantes irão elencar ideias para melhorar as condições relativas à proteção da comunidade acadêmica. As propostas serão analisadas no dia 18 de junho.
Um abaixo-assinado foi entregue nesta manhã para a diretoria da Faculdade. O documento tem 532 assinaturas de alunos, professores e funcionários que pedem a revitalização, a melhoria da segurança e a instituição de diretrizes para o uso e convívio no terceiro andar do prédio, conhecido pelos alunos como "território livre". O uso de catracas chegou a ser mencionado na reunião, mas foi praticamente descartado, já que inviabilizaria a circulação de pessoas de fora da UFMG.
Controle de acesso
O aluno Thiago Vicenti, de 23 anos, cursa o sétimo período do curso de Direito diz que a faculdade deve estar a serviço do público em geral, mas avalia que medidas são necessárias. "A universidade é um espaço de fomentação de ideias, mas os casos recentes mostram que temos sim que ter uma forma de controle. No entanto, essa medida não pode ser exclusiva e elitista", diz.
Segundo ele, o uso de drogas no chamado "território livre" era algo que já acontecia, mas recentemente alguns têm se aproveitado para fazer do espaço um ponto de tráfico. "O que mais tem incomodado a comunidade acadêmica é que alguns se aproveitam dessa situação. Até menores têm sido vistos vendendo drogas. Alguns acham que aqui é um oásis de liberdade", conta.
Uma outra aluna que preferiu não se identificar se diz a favor do controle de entrada e saída no prédio. "Nossa diretoria e centro acadêmico têm que tomar providências. O clima dentro da faculdade é de insegurança", afirma.
A coordenadora do Centro Acadêmico do curso de Ciências do Estado, Marina Silveira Marques, de 22 anos, é contra a restrição ao prédio e entende que a discussão do acesso à universidade tem que ser mais aprofundada. "Não é só quem passou no vestibular que deve ter acesso à faculdade. Além do ensino e da pesquisa, temoos também os grupos de extensão, que têm diálogo direto com a comunidade", diz.
Segundo ela, o diálogo deve ser cada vez mais aberto para uma convivência harmônica dentro da universidade. "Se não pudermos dialogar com o público externo, o desenvolvimento de ideias fica muito restrito, como se o público de fora não tivesse nada a acrescentar. Mesmo que a forma de controle seja a exigência de uma carteira de identidade, isso restringe o acesso de pessoas que não têm ou que perderam o documento", avalia.
Em nota, os Grupos de Extensão da Faculdade de Direito e Ciências do Estado também se posicionaram. Os estudantes dizem que a universidade "também está inserida dentro da cidade e da realidade social e, portanto, também está imersa em seus conflitos. A extensão, portanto, tem como objetivo promover o diálogo e a troca de conhecimentos entre esses espaços, quebrando a dicotomia entre o que é ‘externo’ e o que é ‘interno’ na busca da produção de conhecimento de forma conjunta."