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Estado de Minas

Caminhoneiros continuam sem controle acelerando no Anel Rodoviário de BH

Um dia depois da tragédia que matou restaurador de carros, carretas continuavam acelerando no trecho onde ocorreu o desastre. Investigação policial trabalha com hipótese de imprudência


postado em 15/05/2015 06:00 / atualizado em 15/05/2015 09:06

No local do acidente, caminhões carregados trafegam fora da pista da direita, o que é proibido, ameaçando outros motoristas e sem que condutores sejam incomodados (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press. )
No local do acidente, caminhões carregados trafegam fora da pista da direita, o que é proibido, ameaçando outros motoristas e sem que condutores sejam incomodados (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press. )

Pedaços dos veículos envolvidos no acidente de quarta-feira permaneciam ontem no Anel Rodoviário, mas não eram o bastante para intimidar motoristas de carretas e caminhões que continuam trafegando pela via em alta velocidade, entre um radar e outro. “Eles têm GPS que apita quando tem radar à frente. Às vezes, freiam em cima da hora. Isso quando conseguem frear. Por isso ocorrem os acidentes”, observa o coronel reformado do Exército Ary Vieira Costa, de 70 anos, que mora no Buritis, na Região Oeste, e passa pela rodovia todos os dias a caminho de casa. “Às vezes, estou dirigindo a 80km/h e a sensação é de que estou parado quando as carretas passam por mim, tamanha a velocidade que desenvolvem”, compara o militar.

Mas os motoristas de veículos pesados não são os únicos imprudentes, segundo ele. “É muita irresponsabilidade de quem dirige carros pequenos, também. O problema do Anel é que, em alguns trechos, a pista se afunila. Os motoristas saem de uma curva em alta velocidade e dão de cara com um congestionamento”, conta Ary Costa. O autônomo Cristiano Oliver, de 38, outro morador do Buritis, disse que evita passar pela rodovia. “Já observei vários motoristas imprudentes, e não passo mais pelo Anel. Prefiro dar uma volta.”

Ontem, o Estado de Minas flagrou vários motoristas acelerando caminhões e carretas assim que passavam por uma das lombadas eletrônicas. Em alguns momentos, até cinco caminhões de minério passavam um atrás do outro, todos em alta velocidade, alguns na faixa do meio, quando deveriam trafegar pela direita.

No trecho onde houve o acidente quarta-feira não há área de escape e nem sequer acostamento. Caminhar às margens das pistas é assustador: o deslocamento de ar provocado pelos veículos em alta velocidade é capaz de derrubar uma pessoa mais frágil. Há tantos veículos pesados transitando que muitos motoristas de carros pequenos se sentem ameaçados o tempo todo. “Se correr, o bicho pega. Se parar, o bicho come”, disse um deles. “Os caminhões andam na faixa que não é deles, em alta velocidade, e a gente tem que acelerar. Se não fizer isso, eles passam por cima”, reclamou.

VISTORIA Peritos do Instituto de Criminalista vistoriaram ontem o semi-reboque do caminhão que provocou o acidente. A parte traseira permanecia no Anel Rodoviário e foi devolvida ao dono no fim da tarde, assim que acabou a perícia complementar. O semi-reboque passou por testes de frenagem. Para isso, foi acoplado a outra carreta, já que a frente do veículo acidentado ficou destruída e foi rebocada para perícia no pátio da Polícia Civil.

De acordo com o delegado responsável pelo inquérito, Diego Fabiano Alves, da Delegacia Especializada em Acidentes de Veículos, aparentemente o semi-reboque não tem nenhum problema de freio. “Vamos depender da conclusão de todos os laudos para saber o que realmente provocou o acidente. Mas tudo indica que foi imprudência do motorista do caminhão, que estava em velocidade incompatível com a via”, disse o delegado. Segundo ele, o caminhão estava carregado com minério e mesmo em baixa velocidade já era perigoso, devido ao seu peso e também pela grande quantidade de veículos trafegando no local.

O motorista do caminhão, Daniel Fabrício Faleiro, de 34, foi submetido ao teste do bafômetro, que deu negativo. Exame clínico no Instituto Médico-Legal (IML) não constatou alteração da capacidade psicomotora. Mesmo assim, ele teve o sangue coletado para exame toxicológico. Para os policiais que estavam de plantão, ele afirmou que a batida foi causada por falha mecânica e que estava trafegando a 50km/h ou 60km/h, dentro do limite permitido.

O advogado do caminhoneiro, Lucas Laire, disse que a empresa responsável pelo veículo vai apoiar as investigações. “O Daniel não ingeriu bebida alcoólica, não fez uso de qualquer substância entorpecente. A gente vai aguardar resultados da perícia. Qualquer antecipação de julgamento é precipitada e não responde à questão da justiça, que é o que todos nós procurarmos esclarecer neste episódio”.


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