Dia histórico para a capital e fundamental para a Catedral Cristo Rei, em construção no Bairro Juliana, na Região Norte. Ao lançar duas pás de concreto na base de uma estrutura de ferro, o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, deu início, na manhã de ontem, à primeira parede do templo, que tem projeto de Oscar Niemeyer (1907-2012) e previsão de ser concluído em cinco anos. De capacete protetor branco e satisfeito com o andamento da obra, o arcebispo conclamou a população católica a ajudar na concretização do projeto orçado em R$ 110 milhões e onde já foram investidos R$ 20 milhões em duas das seis etapas previstas.
“Avançamos muito na nossa caminhada, estamos no ritmo esperado. Este local que escolhemos é muito importante, pois aqui serão erguidas as paredes e os pilares da Acolhida Solidária Dom Luciano Mendes de Almeida, espaço destinado a amparar os mais pobres em suas necessidades e concebido para funcionar como uma grande central. O lugar vai promover a aproximação entre os carentes de ajuda e as muitas obras sociais desenvolvidas pela Igreja”, explicou o chefe da Cúria. O nome homenageia o ex-arcebispo de Mariana (1930-2006), que foi também secretário e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Os trabalhos de construção começaram em 2013, com a terraplenagem e contenções.
Para envolver ainda mais a comunidade na empreitada, dom Walmor informou que, a partir do próximo dia 23 (sábado), começarão as visitas guiadas à catedral, com duração de meia hora e em grupos de 20 pessoas, a cada vez. Precedido de um momento de oração e acompanhado de uma equipe especializada, o passeio permitirá conhecer o terreno de 22,4 mil metros quadrado, o qual abrigará a construção de 42 mil metros quadrados (veja o quadro).
‘TIQUINHO’ Depois de ver a planta do projeto e a maquete, ao lado do engenheiro e chefe da obra Rômulo Albertini, dom Walmor disse que a construção se encaixa num conceito novo de catedral, contendo não só a nave (espaço litúrgico onde são celebradas missas) área para abrigar os pobres, como também museu sacro, de liturgia e outras modalidades, auditório, escola de mosaicos e outros serviços para a comunidade, congregando fé católica, cultura, educação e serviço social. “Vivemos num tempo de crise e dificuldades, mas contamos com um "tiquinho" da colaboração dos mineiros. As doações são fundamentais, já que não temos reservas financeiras. Esta é uma obra da solidariedade”, afirmou. “Acreditamos que em 2017, teremos 70% dela pronta”, prevê.
Sobre a forma do templo saído da prancheta de Niemeyer, dom Walmor esclareceu que os pórticos brancos podem simbolizar mãos postas ou uma noiva com o véu estendido beijando o seu noivo, sendo a noiva a Igreja, esposa de Cristo e que gera seus filhos. “A cúpula é o útero materno”, explicou o arcebispo, que espera a ajuda de 30 mil famílias, as quais, contribuindo mensalmente, terão seus nomes escritos no piso da Praça das Famílias, formando um grande terço na área externa do templo.
Às 9h15, quando dom Walmor jogou a primeira pá de concreto, dois operários admiraram a cena com muito gosto. “No início ele estava meio tímido, mas passou no teste”, comentou bem-humorado o pedreiro Renato Antônio dos Reis, de 40, trabalhador da Construtora Mendes Júnior. Ao lado, o carpinteiro Joaquim Batista do Nascimento, de 53, afirmou que o arcebispo “leva jeito” e tem certeza de que participou de um dia histórico. Um dos destaques ontem, no canteiro de obras, foi a grua (espécie de guindaste) de 33 metros de altura, usada para a movimentação de materiais de construção (concreto, fôrmas, escoramentos, entre outros). Ela está posicionada próximo ao chamado setor B do canteiro de obras, onde futuramente estará o altar externo da Cristo Rei. Os trabalhos vão se concentrar nesse setor durante este ano.
SONHO CONCRETO O sonho de se construir a Catedral Cristo Rei nasceu com a Arquidiocese de Belo Horizonte há quase 100 anos. O primeiro arcebispo, dom Antônio dos Santos Cabral, chegou a iniciar a edificação, mas desafios e dificuldades da época adiaram, por anos, esse desejo. O projeto foi retomado pelo arcebispo dom Walmor em 2005.
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