Na noite do crime, os assaltantes chegaram em um Fiat Uno e estacionaram perto do comércio, que fica na Rua Pará de Minas. Dois deles entraram no supermercado, sendo um adolescente de 17 anos armado que rendeu o fiscal da loja. O PM, que trabalhava como vigia, percebeu a ação dos bandidos e se posicionou atrás de uma pilastra, de onde trocou tiros com o assaltante.
Toda a dinâmica do crime foi registrada pelas câmeras de circuito interno do supermercado. De acordo com a Polícia Civil, os dois primeiros tiros disparados pelo militar acertaram o adolescente, que revidou acertando uma professora cliente da loja.
O adolescente foi socorrido pelos comparsas até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Oeste, onde morreu ao dar entrada. No mesmo carro, os assaltantes buscaram os pais do menor para leva-los até o hospital. Esse veículo ajudou a polícia a identificar um dos envolvidos no crime, que já teve mandado de prisão solicitado. Ele continua soltou, porque a Justiça negou a solicitação. Os outros comparsas do adolescente ainda não foram localizados.
Depoimentos
Conforme o delegado Bossi, na fase de oitiva das testemunhas, quatro funcionários do supermercado prestaram depoimento. Orientados por advogados da empresa, eles tentaram, inicialmente, negar que o cabo da PM trabalhasse como vigia. O delegado percebeu a manipulação dos relatos e pressionou a quinta testemunha a contar a verdade.
Foi comprovado que o militar fazia um “bico” como segurança, pois as imagens do circuito interno registraram o PM fazendo rondas pela loja. Ele também não portava qualquer carrinho ou produto que pudesse justificar a presença como cliente. Conforme o delegado, depois de algum tempo, o próprio policial confessou que trabalhava esporadicamente como segurança da loja.
Sobre o falso testemunha dos funcionários, a polícia pode intimá-los posteriormente.
Para o indiciamento, o delegado levou em conta os três erros do militar: fazer trabalho informal no supermercado, ter atirado contra os assaltantes e ir embora da loja sem prestar socorro. Conforme a polícia, as imagens mostram o PM saindo do comércio logo depois da troca de tiros. O delegado considerou homicídio privilegiado qualificado porque o policial não agiu em legítima defesa. O PM percebeu a ação dos bandidos e se posicionou para atirar contra os envolvidos.
Conforme Bossi, a empresa estava burlando a lei trabalhista ao contratar o militar para o trabalho de vigilante. O cabo está respondo ao crime em liberdade, porque o delegado entendeu que ele colaborou com as investigações e não tem intenção de prejudicar nenhuma testemunha. Bossi enviará oficio à Corregedoria da PM, que acompanhou o caso na época, e ao Ministério do Trabalho, para tomar providências em relação ao supermercado. .