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Estado de Minas

Taxistas e "piolhos" travam guerra por passageiros em Confins

No aeroporto da Grande BH, motoristas em carros executivos oferecem corridas mais baratas e travam brigas com taxistas


postado em 20/05/2015 06:00 / atualizado em 20/05/2015 08:06

Taxistas que atendem no aeroporto de Confins reclamam da concorrência do Uber e dos clandestinos(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press 2/12/10)
Taxistas que atendem no aeroporto de Confins reclamam da concorrência do Uber e dos clandestinos (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press 2/12/10)

No Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Grande BH, o transporte de passageiros contratado pelo aplicativo Uber ainda não é uma ameaça para os taxistas. Mas os motoristas particulares contratados pela internet estão dando prejuízo assim mesmo, principalmente para aqueles que saem da capital com destino ao terminal aéreo. A maior guerra dos taxistas em Confins é com os “piolhos”, como são chamados os motoristas que chegam em carros executivos e oferecem corridas por um preço mais acessível. Muitas vezes essa concorrência acaba em agressão física, admitem os próprios taxistas, que estão partindo para a briga. “Os piolhos invadem o terminal e batem nos taxistas. Um colega meu teve o braço quebrado. A gente desce do carro e parte para a briga também”, conta Túlio Corrêa, de 43 anos, taxista de uma cooperativa.

Os táxis de Belo Horizonte somente podem levar passageiros para o aeroporto de Confins, mas têm que retornar vazios, explica Rita Luziete, coordenadora operacional de uma cooperativa de táxi da capital. “O Uber está dando prejuízo para todo mundo em BH. São motoristas particulares que estão tomando os passageiros das cooperativas de táxi e dos taxistas conhecidos como carecas, que trabalham por conta própria e que não estão ligados a uma central de rádio”, reclama Rita.

Em janeiro, uma briga entre taxistas e piolhos quase acabou em morte no aeroporto de Confins. Segundo a Polícia Militar, 12 taxistas revoltados partiram para cima de dois piolhos, que conseguiram fugir em um Corolla e dispararam quatro tiros em direção aos taxistas. Ninguém foi ferido. Segundo a PM, até hoje, ainda há muita desavença entre eles, que até chegam a descer dos carros para discutir, quando reconhecem os desafetos.

Ontem, o taxista Edilson Borges de Lima, de 45, ficou revoltado com três piolhos que pegaram seis passageiros que tinham acabado de desembarcar de um avião. “Anotei a placa do carro de um deles e passei para a PM, para a minha cooperativa e para todos os meus colegas”, disse ele, que afirmou ter descoberto mais uma tática dos piolhos para driblar a fiscalização. Um clandestino, usando terno e gravata, fica no setor de desembarque do aeroporto segurando uma placa, com o nome de uma empresa, simulando esperar por alguém específico. “O piolho abordou seis passageiros, combinaram o preço da viagem e telefonou para dois comparsas que estavam de carro nas imediações. O homem de terno saiu para apanhar o Sentra preto dele no estacionamento e retornou com mais dois carros. Cada carro pegou dois passageiros e foram embora”, denuncia o taxista. Enquanto os passageiros aguardavam pelos piolhos, Edilson conta que se aproximou e fingiu conhecê-los da empresa citada na placa. “Disseram que não eram da empresa e que não conheciam o homem de terno. Combinaram a viagem ali na hora”, disse o taxista.

O taxista Túlio Corrêa conta que os piolhos costumam ficar perto dos caixas eletrônicos, onde abordam passageiros que chegam de avião e sacam dinheiro. “Também ficam perto das bilheterias dos ônibus executivos. Quando são três pessoas juntas na fila, que pagariam um total de R$ 69 de ônibus, eles oferecem a viagem pelo preço de um táxi – R$ 112. Alegam que de ônibus vão ter que pagar outro deslocamento no Centro de BH e prometem deixá-las em casa ou qualquer outro lugar”, conta Túlio. Se a pessoa achar caro, eles fazem por R$ 90, segundo Túlio.

USUÁRIOS Passageiros ouvidos ontem pelo Estado de Minas estão divididos entre a rapidez no deslocamento de táxi e o conforto dos ônibus executivos. Muitos também levam em conta o preço das passagens. A de ônibus custa R$ 23. De táxi, em torno de R$ 112.

A autônoma Paula Viana, de 32, sempre viaja de avião e prefere ir para Confins de táxi. “Quando venho no meu carro e pego o avião, o estacionamento fica muito caro”, disse. Paula considera o preço do ônibus executivo bem mais acessível, mas reclama que tem gastos com táxi da sua casa para o terminal de embarque, no Centro de BH, e do terminal de ônibus para casa, quando volta. “Dependendo de quantas pessoas viajam com você, vale muito mais ir de táxi direto”, observa.

Ontem, um vigilante de uma empresa terceirizada contratada pela BH Airport, que administra o terminal, disse estar atento à presença dos piolhos. “São oito vigilantes  para orientar os passageiros. A gente informa sobre os ônibus e táxis credenciados. Também falamos dos riscos do transporte clandestino, pois se acontecer algum imprevisto na viagem, eles vão ficar sem qualquer assistência”, disse o vigilante, que pediu para não ser identificado. “Os piolhos são muitos. Quando identificamos um, chamamos a polícia”, disse. A Polícia Militar informou que os carros clandestinos são apreendidos e multados, mas não informou dados estatísticos.


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