Se por um lado a presença da Polícia Militar nos câmpus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) divide opiniões entre entidades que representam alunos e funcionários da instituição, por outro há um consenso a respeito de ampliação do quadro concursado da segurança. A aposta de ambos é que, pelo menos a médio prazo, o número de vigilantes próprios da instituição seja reforçado, para que não sofra baixas em momentos de crise, a exemplo do vivido nos últimos meses nas instituições federais de ensino. “Como a universidade precisa sobreviver nas ocasiões de contingenciamento orçamentário, os primeiros cortes são nos serviços terceirizados. E como a segurança da UFMG atualmente é quase toda contratada, esses funcionários acabaram sendo dispensados”, afirma a diretora empresarial do Sindicado dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino (Sindifes), Neide Dantas.
Segundo Neide, a redução do quadro resultou em aumento da sensação de insegurança e também da violência. “Somente nesta semana, quatro alunos foram assaltados. Em um dos casos, uma jovem foi agredida com um rosto no rosto, além de ter seus pertences pessoais levados”, contou. Ela afirma que o Sindifes apoia todo tipo de ação que resulte na proteção das pessoas. “Se for necessário, que a PM seja ampliada no campus. No entanto, reforço que nossa principal demanda é pela segurança concursada”, afirma a diretora do sindicato, lembrando que espera equilíbrio na tomada de decisões.
Já o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFMG tem opinião contrária ao atual modelo de segurança, compartilhado com a Polícia Militar e se posiciona contra qualquer ampliação da força policial no campus. De acordo com um dos membros da direção do diretório Thales Freire, a atual gestão aposta em uma séria de propostas que passam pelo fortalecimento da segurança interna e por mudanças de infraestrutura, entre outros pontos. “Polícia no campus é uma iniciativa extremamente ruim para a universidade, tendo em vista que as atuais experiências têm se mostrado sem efeito”, disse, referindo-se também ao convênio entre a universidade e a Polícia Militar. O modelo reforçado de PM dentro campus já funciona na Universidade Federal de São Paulo (USP), desde setembro de 2011, dois meses e meio depois do estudante Felipe Paiva, de 24 anos, ter sido assassinado em um estacionamento do campus durante um assalto. A medida gerou polêmica entre a comunidade acadêmica.
A lista de medidas proposta pelo DCE inclui reforço no quadro de seguranças que já trabalham na UFMG, mas com a exigência de que eles sejam concursados – e não terceirizados – e que passem por cursos e treinamentos. “Queremos o fortalecimento de uma guarda humanizada, que conheça a instituição e seja preparada para lidar com os problemas que a UFMG enfrenta e também com a presença da comunidade externa”, afirma. Sobre o tráfico de drogas – flagrado pelo Estado de Minas em março – Thales defende que o problema não se restringe à instituição. “Não dá para dissolver a realidade da UFMG dos problemas de segurança e do tráfico que ocorrem na sociedade.”
Vagas para transexuais
Analisando os frequentes casos de discriminação, o Diretório Acadêmico Alfredo Balena (DAAB), do curso de Medicina da UFMG, abriu seleção de estágio voltado para transexuais. Estudantes de todos os cursos de qualquer universidade podem se candidatar à vaga de secretário da sede social da instituição representativa. O coordenador de movimento estudantil do DAAB, Erickson Ferreira Gontijo, diz que a ideia surgiu do contato com movimentos sociais e estudantes LGBT.