Um dos problemas em áreas da PBH que chama a atenção é a situação do passeio do Zoológico. Uma das portarias está posicionada na Avenida Otacílio Negrão de Lima, onde a situação é normal e o passeio está bem cuidado. A outra portaria fica na Avenida Antônio Francisco de Lisboa, mas a calçada só ganha um padrão considerável a cerca de 100 metros da entrada.
A dona de casa Marta Oliveira, de 55 anos, é moradora da rua e reclama da situação. “As calçadas do parque estão precárias. Tem partes altas e outras baixas, o que traz risco para a passagem de pessoas idosas. Deveria ser feito um plano de reforma, para que os pedestres pudessem ficar nas calçadas com segurança”, afirma.
A calçada do prédio onde funciona a Regional Pampulha já é naturalmente estreitada pelo ponto de ônibus da Avenida Antônio Carlos. Mas, ao lado do ponto, um buraco chama a atenção. O passeio do Hospital Odilon Behrens também precisa de manutenção. Apesar de o concreto estar bem nivelado e de praticamente todo o perímetro da unidade contar com o piso tátil, em alguns lugares os ladrilhos que orientam os deficientes visuais se soltaram.
OUTRO LADO A Regional Pampulha informou que o dano na calçada foi causado por uma obra de implantação do Move na Avenida Antônio Carlos e a empresa responsável já foi notificada para providenciar o conserto. Já a Fundação de Parques Municipais informou que está em fase de renovação o contrato de manutenção do Parque Lagoa do Nado.
Já a Fundação Zoo-Botânica disse que está implantando passeio em todo o perímetro da área do zoológico. A próxima etapa será na Avenida Antônio Francisco Lisboa, que já conta com projeto e recursos assegurados, aguardando licitação, e prevista para o segundo semestre. Também está prevista a construção de um estacionamento para 250 vagas no local. A Regional Noroeste não retornou os contatos sobre a situação do piso tátil do entorno do Hospital Odilon Behrens.
Obra recente já tem estragos
Um dos 20 corredores incluídos no projeto Amar BH para receber uma força-tarefa de vistorias e fiscalização da prefeitura e que foi deixado de lado com outros 18 é a Avenida Pedro I, importante ligação entre a Linha Verde e a Avenida Antônio Carlos, nas regiões Norte, Pampulha e Venda Nova. O que mais chama a atenção nessa via é que, por mais que ela tenha os mesmos problemas de outros corredores, várias intervenções foram feitas na Pedro I para duplicação e adequação ao BRT/Move. Isso significa que muitos passeios foram reconstruídos e já estão com o modelo considerado padrão, o que, em tese, representaria um avanço em relação a outros corredores. Mas, mesmo assim, não é difícil observar problemas nas obras recém-concluídas, que já demandam consertos.
Nas imediações das estações do Move Cristiano Guimarães, o passeio está praticamente todo pronto no sentido Centro da Pedro I. Mas vários pontos estão com buracos inacabados ou com afundamentos e ondulações, que indicam problemas na contenção da encosta da avenida. Para a presidente da Associação dos Moradores e Comerciantes da Pedro I, Vilarinho e Adjacências, Ana Cristina Drumond, a situação é crítica, pois indica problemas em um futuro próximo. “Se um ano depois da obra já está acontecendo isso, imagina mais para frente.
Além da parte nova, passeios antigos da Pedro I sofrem com os mesmos problemas de outras avenidas da cidade. Próximo ao cruzamento com a Rua Professor Aimoré Dutra, no Bairro São João Batista, em Venda Nova, os buracos tomam conta. Uma das calçadas da região está coberta apenas com brita e não há acabamento que defina os limites do passeio.
Segundo a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), a correção dos passeios e o paisagismo estão em fase de conclusão na Pedro I. Como a Caixa Econômica Federal reteve pagamentos da obra, o contrato ficou temporariamente paralisado, mas a situação foi regularizada e a previsão de término das intervenções é o segundo semestre deste ano. A Construtora Cowan, empresa responsável pela obra, alega que a prefeitura solicitou que não fosse instalado o passeio padrão no sentido bairro da Pedro I até a solução definitiva de instalações subterrâneas no local. Já no sentido Centro, a Cowan responsabiliza as concessionárias de serviços públicos, que danificaram o passeio construído no formato padrão para instalação de cabos, caixas e tampas. Sobre os demais problemas, a prefeitura diz que está concluindo o planejamento da nova configuração do projeto Amar BH para retomar a força-tarefa nos corredores anunciados em 2013. (GP)
Palavra de especialista
Sérgio Myssior,
Arquiteto e urbanista
Evolução demorada
“É uma pena que o projeto Amar BH não tenha evoluído nos últimos dois anos significando a melhoria das calçadas da cidade, mas nunca é tarde para colocá-lo para funcionar. Na época do lançamento, elogiei muito a iniciativa, porque era um trabalho urbanístico integrado, que teria o objetivo de humanizar os passeios e deixar a cidade mais harmônica. Cuidar das ruas e das calçadas é essencial para esse objetivo. Essa questão de acessibilidade e da melhoria de passeios deveria ser o primeiro degrau da cidadania. A retomada de um espaço deteriorado serve até para trabalhar a autoestima do cidadão para que ele possa contribuir para a conservação do espaço público.”.