Se algum cidadão de Belo Horizonte planeja jogar damas na mesa instalada na pracinha da Rua Rubens Caporale Ribeiro, no Bairro Buritis, Região Oeste da capital, deve se equipar de muito mais que as clássicas pedras brancas e pretas. Não seria exagero levar um facão, uma enxada ou uma foice, para cortar o mato que praticamente escondeu o tabuleiro instalado no equipamento de concreto. Perto dali, em outra praça no cruzamento da Rua Moisés Kalil com a Avenida Deputado Cristovam Chiaradia, no mesmo bairro, os calangos substituíram os frequentadores que costumavam usar o espaço. Da mesma forma, quem precisa usar a escadaria de acesso entre as ruas Yvon Magalhães Pinto e Abel Araújo, no Bairro Santa Lúcia, Centro-Sul de BH, precisa de cautela. Diante do matagal que “enfeita” as laterais do acesso, moradores denunciam que o local se tornou esconderijo para uso de drogas. As três situações chamam a atenção para a falta de manutenção encontrada em espaços de uso comum na cidade, abandonados pelo poder público.
No Buritis, duas áreas de convivência que poderiam atender a população da parte mais nova do bairro, chamada de Buritis II, estão tomados pelo mato. Aparelhos de ginástica e equipamentos como lixeiras estão se deteriorando com a ação do tempo. O diretor de Comunicação da Associação de Moradores do Bairro Buritis (ABB), Paulo Gomide, diz que em uma delas, a da Rua Rubens Caporale Ribeiro, a degradação é tanta que muita gente nem tem conhecimento de que ali é uma praça.
As lixeiras estão enferrujadas e quebradas; os aparelhos de ginástica, como as barras paralelas e a barra individual, dão sinais de desgaste; o cimento que reveste o piso também está com rachaduras, por entre as quais o mato viceja. Gomide lembra que, se o local contasse com manutenção frequente, poderia servir para ações de socialização no bairro. “Poderíamos fazer eventos de confraternização, principalmente com a participação da parte do Buritis II”, afirma. Na pracinha que fica no cruzamento da Rua Moisés Kalil com a Rua Deputado Cristovam Chiaradia, os problemas se repetem, com a vegetação tomando conta das mesas de concreto e dos equipamentos de ginástica. “Esta praça até pouco tempo era bem ocupada, mas agora, desse jeito, ninguém mais usa”, completa Gomide.
Matagal Na Rua Yvon Magalhães Pinto, no Bairro Santa Lúcia, a reclamação dos moradores é sobre a situação da escadaria que serve de acesso aos pedestres para a Rua Abel Araújo. Como a área tem grande declividade, algumas das vias que deveriam como acesso para os carros recebem apenas escadas para pedestres, devido à dificuldade de tráfego. Mas a falta de cuidado e manutenção agora faz com que a passagem esteja imprópria até para quem se desloca a pé. Os degraus estão praticamente tampados pelo matagal que sai dos dois lados. Um carteiro que passa pelo menos uma vez por dia pelas escadas, diz que falta atenção da prefeitura.
Moradora de uma casa ao lado da escadaria, a fisioterapeuta Adelaide Rocha, de 41 anos, reclama das condições, que para ela facilitam a ação de criminosos. “Sempre fica desse jeito. A prefeitura algumas vezes até corta o mato, mas demora demais para voltar. As funcionárias que trabalham na rua não têm coragem de passar por ali, porque é muito ermo e o mato se torna abrigo para pessoas que ficam bebendo e usando drogas”, afirma. Ela mesmo já presenciou de sua janela pessoas escondidas entre a vegetação, e diz que não tem coragem de atravessar o espaço. “Tenho um gato em casa, que às vezes foge e vai para perto da escada. Não vou atrás. Já houve algumas vezes, à noite, em que escutei pessoas conversando, escondidas”, completa.
A Regional Centro-Sul da PBH informou nessa terça-feira que esté prevista para o mês que vem uma ação de limpeza no entorno da escadaria do Bairro Santa Lúcia. O Estado de Minas procurou também a Regional Oeste para que se posicionasse sobre as praças do Buritis, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno.
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