Os pichadores presos na manhã desta quarta-feira durante operação da Polícia Militar e Ministério Público de Minas Gerais faziam um “ranking de ousadia” pelas redes sociais exibindo fotos das ações criminosas e disputando quem conseguia pichar prédios públicos de maior visibilidade ou locais mais difíceis de alcançar. Segundo o tenente-coronel do Rotam, Giovani Gomes Silva, o grupo “Pichadores de Elite” é formado por líderes de várias gangues da Grande BH que se uniram, por isso o slogan deles é “um pichador de elite vale por 100 pichadores”.
Conforme a polícia, o grupo é responsável pelas pichações, em 17 de outubro do ano passado, na fachada da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, na Praça da Liberdade, Região Centro-Sul de BH. Na ocasião, também sujaram as esculturas de Fernando Sabino, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Hélio Pelegrino, escritores da literatura brasileira, pichados com tinta branca em letras garrafais.
Segundo o tenente-coronel, os principais alvos do bando são prédios públicos. Eles atacaram a unidade do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, ao lado do Batalhão Rotam, no Centro de BH, e a sede do 4º Região Militar do Exército, na Avenida Raja Gabaglia, no Gutierrez, região oeste. Os integrantes atuavam, sobretudo, durante o período noturno. Alguns deles têm passagens por tráfico, uso de drogas e porte ilegal de armas.
Nesta manhã, durante a Operação Argos Panoptes, 19 mandados de prisão e apreensão foram cumpridos. São 17 detidos, sete presos e 10 alvos de condução coercitiva.
A operação, que começou por volta de 3h, terminou com a prisão de integrantes do bando em BH, Contagem, Vespasiano, Betim e Curvelo, cidade onde foi detido um empresário. Foram apreendidas tintas e sprays usados pelos pichadores.
As investigações revelaram que a associação criminosa era estruturada à semelhança do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro (Bope) e era regida por esse documento que previa: “O objetivo da P.E é continuar com um grupo seleto de 15 fiéis, como manda a tradição este seleto grupo vai sempre levar a bandeira do império que está há 22 anos no TOPO. Só entra quem merece, só permanece quem fizer por onde...... uma vez P.E sempre PE um pichador de elite vale por 100 pixadores comuns” .
PREJUÍZO MILIONÁRIO Conforme o MP, pichação é crime previsto no artigo 65 da Lei 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais) com pena de detenção de 3 meses a 1 ano e multa. Estima-se que o prejuízo financeiro causado pelos “Pichadores de Elite”, que assumiram o comando da pichação na Grande BH a partir de 2010, supere R$ 5 milhões.
Segundo a promotoria, Belo Horizonte hoje é considerada a capital mais pichada do país, cerca de R$ 2 milhões são gastos anualmente pela prefeitura somente para a retirada dessas sujeiras de prédios públicos municipais, passarelas, elevados, túneis e muros.
INVESTIGAÇÃO Durante sete meses, promotores de Justiça e agentes militares dos serviços de inteligência e investigação criminal montaram um diagnóstico da forma de agir da organização criminosa e dos autores, descobrindo centenas de pichações por BH.