Belo Horizonte está na contramão dos esforços para redução do consumo de tabaco entre os adultos. Dados divulgados ontem pelo Ministério da Saúde apontam queda de 30,7% no número de fumantes nos últimos nove anos no Brasil. Porém, os homens belo-horizontinos estão em segundo lugar entre os que mais fumam no país, com índice de 16,2% dos consultados em 2014 pela pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). Nesse quesito, Porto Alegre encabeça a lista, com 17,9% de fumantes masculinos. No geral, nos últimos três anos, o uso de tabaco na capital mineira manteve-se estável, em torno de 12%. No ano passado, 9,2% das mulheres de BH disseram que fumam, 1,1% a menos que em 2013. Os dados sugerem a necessidade de reforço de campanhas antitabagismo, exatamente às vésperas do Dia Mundial Sem Tabaco, comemorado no domingo.
Na pesquisa Vigitel foram ouvidas mais de 40 mil pessoas, por telefone, das 26 capitais e do Distrito Federal, em igual proporção. Segundo os dados de 2014, a projeção é de que 10,8% dos brasileiros sejam fumantes. O índice é maior entre os homens (12,8%) do que entre as mulheres (9%). Em 2006, quando teve início a pesquisa, 15,6% dos entrevistados disseram que consumiam tabaco, o que representa queda de 30,7% do percentual de tabagistas nos últimos nove anos.
“A redução do consumo de cigarro deve ser comemorada, mas o crescimento do consumo de cigarros ilícitos (contrabandeados) merece total atenção. Sendo legal ou ilícito, o cigarro faz mal à saúde e precisa ser combatido. O diálogo e a participação dos países de fronteira, principalmente do Paraguai, nas ações de coibição do comércio ilegal é fundamental. Esse será um tema que levarei para o encontro dos ministros da Saúde do Mercosul, no próximo mês”, destacou o ministro da Saúde, Arthur Chioro.
Entre os principais motivos para a queda do consumo do tabaco no Brasil está o aumento do preço dos cigarros. Segundo a Pesquisa Instituto do Câncer e Transplante (ICT)/Instituto Nacional do Câncer (Inca) 2013, 62% dos fumantes pensaram em parar de fumar devido ao valor do produto no país. A política de preços mínimos também está diretamente ligada à redução da experimentação entre os jovens, já que cerca de 80% dos fumantes iniciam o hábito antes dos 18 anos.
“A política de preços é determinante para coibir o uso e à iniciação ao tabagismo. Outras ações importantes são a proibição da propaganda do cigarro e do fumo em ambientes coletivos, além da oferta crescente de tratamento para quem quer deixar de fumar. Em 2013, mais de 70% dos brasileiros que tentaram parar foram atendidos pelo SUS”, reforçou Chioro.
Porto Alegre é a capital com maior número de entrevistados que fumam, com índice 16,4%, seguida por São Paulo, com 14,1%, e Curitiba, com 13,6%. Belo Horizonte, com 12,4% de fumantes, considerada a média entre homens e mulheres, aparece em quarto lugar, quase que empatado com Florianópolis, com 12,1%. São Luís é a capital com menor percentual, 5,5%. O consumo de tabaco por homens na capital mineira saltou de 15,5% para os 16,2% em 2014, conforme a pesquisa.
Outra situação preocupante em relação ao uso de tabaco no país foi constatada em estudo do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Houve crescimento do consumo de cigarros de origem ilícita em relação ao produto industrializado. Em 2008, 2,4% dos fumantes consumiam cigarros proveniente do mercado ilegal. Em 2013 o percentual passou para 3,7%.
Atualmente, das 39.228 equipes de saúde na família, mais de 23 mil em todo o país estão prontas para oferecer o tratamento ao tabagismo em 5.460 municípios. Em 2013 e 2014, o Ministério da Saúde destinou R$ 41 milhões para compra de medicamentos (adesivos, gomas e pastilhas de nicotina e bupropiona) ofertados no tratamento contra o tabagismo.
CAMPANHA Em 2015, a Campanha do Dia Mundial Sem Tabaco integra as ações de Promoção da Saúde –SUS, Controle do Tabagismo. O conceito “Da saúde se cuida todos os dias” é tema das campanhas. No eixo controle do tabagismo, o slogan usado é “Das escolhas certas se cuida todos os dias”.