A casa da Rua Turquesa, com grade marrom, virou atração logo cedo e chamou atenção de quem passava a pé, no volante ou indo para a escola de van. “Há muito tempo estou pedindo, pela internet, para adotarem esse cachorro. Ele não pode mais ficar desse jeito, sem dono, solto por aí. Sempre o vejo parado em frente ao portão”, disse a motorista Mônica, obrigada a acelerar o carro, quando o sinal da Avenida Francisco Sá abriu para os veículos. O mestre de obras Alaerte Alves Pereira, de 53 anos, reafirmou a intenção de levar o bicho, batizado por ele de Xerife, para sua casa em Ribeirão das Neves, na Grande BH, mas notou mudanças no comportamento do animal e está pensando duas vezes antes de agir.
“Acho que ele ficou meio traumatizado com a tentativa de captura, por isso se afasta ao notar a minha presença.
Tatiana esclarece que gostaria de ficar com o animal, mas não há a menor chance. É que na casa moram, além de Olívia Palito – “por ser magrinha ao chegar aqui, parecia a namorada do marinheiro Popeye”, recorda-se – Kurt Cobain, de 11 anos, nome em homenagem ao guitarrista (1967-1994) da extinta banda Nirvana. O estranho triângulo se forma, pois Kurt é louco pela cadelinha de sangue nobre e viralata, embora a paixão nunca tenha se consumado. O problema é o cãozinho não ter altura suficiente para cruzar. “Nas vezes em que Lord Voldemort, como tratamos o Xerife, entrou aqui para beber água, mordeu o Kurt. Eles brigam muito”, contou Tatiana. Ao lado, Cleusa traduziu o sentimento mútuo: “Puro ciúme”. O nome Lord Voldemort é o do vilão da série Harry Potter, mas Xerife é tratado com todo carinho pela família.
CUIDADO DIVIDIDO Há muitas sugestões para o destino de Xerife, que, até agora, só tem promessas de pretendentes à adoção, sem nada de concreto.
Ao ler a reportagem no EM e assistir ao vídeo no portal Uai, a psicóloga Débora Vaz, moradora do Bairro São Marcos, na Região Nordeste de BH, confessa que chorou. E é candidata a adotar Xerife. “Fiquei com muita pena dele, tão romântico...”, comentou ela, que acrescentou com bom humor: “Acho que estou assim, tão enternecida, pois vou me casar”. Na opinião da psicóloga, Xerife deveria ficar com a família que já tem Olívia Palito e Kur Cobain. “Mas entendo a impossibilidade, devido ao Kurt”.
FESTA NA PORTA Por volta das 11h, Tatiana saiu com Olívia Palito com a guia, mas logo deixou a cachorrinha correr livre e solta ao lado do seu grande amor, Xerife. A parte conhecida da história dessa dupla começou pouco antes do carnaval, quando Tatiana acolheu em casa a fêmea, que, logo depois, no cio, escapuliu e voltou prenha. Não tardou muito para Xerife rondar a área e ficar de prontidão no portão da frente.
Depois da refeição ao meio-dia, hora de lamber as crias, que Olívia Palito ainda está amamentado. Se alguém se aproxima, como fez o repórter, ela dá um “chega pra lá”, marcando a roupa do intruso com a pata suja de barro.
Zoonoses só age com nova denúncia
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), o agente de endemias só retornará ao Bairro Prado se houver nova denúncia de agressão. Em nota, a direção do órgão informa que o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) recolhe os animais em situação de rua por meio de ações de rotina e também via demanda espontânea da população. Ao chegar à unidade, os cães são avaliados clinicamente por médico veterinário e submetidos à coleta de sangue para exame de leishmaniose visceral, informam os técnicos, ficando aguardando por três dias úteis o resgate por seus proprietários. Expirado o prazo, os animais se tornam disponíveis para adoção, após serem castrados, vacinados contra raiva e outras doenças, vermifugados e identificados com microchip e com resultado negativo para leishmaniose visceral. De acordo com o censo canino realizado em 2014, BH tem aproximadamente 283 mil cães e 64 mil gatos. Desse total, cerca de 10% têm acesso às ruas sem supervisão.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), o agente de endemias só retornará ao Bairro Prado se houver nova denúncia de agressão. Em nota, a direção do órgão informa que o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) recolhe os animais em situação de rua por meio de ações de rotina e também via demanda espontânea da população. Ao chegar à unidade, os cães são avaliados clinicamente por médico veterinário e submetidos à coleta de sangue para exame de leishmaniose visceral, informam os técnicos, ficando aguardando por três dias úteis o resgate por seus proprietários. Expirado o prazo, os animais se tornam disponíveis para adoção, após serem castrados, vacinados contra raiva e outras doenças, vermifugados e identificados com microchip e com resultado negativo para leishmaniose visceral. De acordo com o censo canino realizado em 2014, BH tem aproximadamente 283 mil cães e 64 mil gatos. Desse total, cerca de 10% têm acesso às ruas sem supervisão.
Discussão na Web
Comentários de leitores e internautas nas redes sociais
Que lindo! Ele precisa de um lar e ser castrado, afinal não dá pra deixar cachorrinhos abandonados. Estes estão bem, mas outros... vai saber.
Aline Vieira
Próximo capítulo? Se a zoonoses pegou, já era!
Raquel Colares
Excelente, em meio a tanta notícia de desastre, corrupção e outras coisas ruins, os leitores precisam de algo bom assim. Espero e torço que algum vizinho adote o xerife.
João
Em janeiro, ao chegar em casa do trabalho, fui atacado por dois cães de rua, morderam minha perna e por sorte passava um carro que atropelou os dois e me salvou. Minha esposa tinha acabado de chegar com meu filho de 3 anos. Imagina se fosse com eles? Na verdade, esses cães de rua, são, sim, perigo para população.
Marcos
E cadê o Xerife? Ele realmente fugiu? Eu adoto ele. E a história foi muito legal..
Eduardo
Muito legal. Só aparece coisa ruim e a gente fica surpreso com uma história dessa. Tomara que essa família adote o Lord também.
Wesley.