A paixão por Olívia Palito deu fama a Xerife e, ao mesmo tempo, dividiu opiniões sobre seu destinoMas, por enquanto, não se sabe qual será o futuro do cão de rua que há mais de três meses montou guarda na porta da casa onde mora a cadela amada, no Bairro Prado, na Região Oeste de Belo HorizonteO cachorro está desaparecido desde o sábado, quando fugiu a caminho de uma clínica onde seria castrado, e uma caçada teve início na tentativa de localizá-loPor enquanto, não há pistas de onde possa estar XerifeMas, preocupadas com o paradeiro do cão, a funcionária pública Tatiana Azeredo Coutinho Ferreira, dona de Olívia, e a protetora de animais que providenciaria a adoção do fujão percorrem ruas do Bairro Cidade Nova, onde ele foi visto pela última vez.
A saga de Xerife, que ganhou as redes sociais e mobiliza defensores da causa animal, chama a atenção para a situação de muitos outros cães que vivem nas ruas ou precisam de lares adotivos em Belo HorizonteEstima-se que sejam cerca de 30 mil os que vagam pela cidade, constituindo também um desafio de saúde pública, já que, sem cuidados, esses animais podem se transformar em vetores de doençasO desafio ainda está em vencer a resistência em relação aos vira-latasNa tentativa de aumentar o número de adoções, a ONG Associação Cultural Teia de Textos organiza feiras todas as semanas“Ainda há uma restrição ao animal sem raça definidaAlém disso, o apelo emocional pelo filhote é grande, mas temos insistido nos adultos”, destaca o veterinário Leonardo Andrade VelosoNo caso dos animais mais velhos disponíveis para adoção, é certo que eles já passaram por exame de leishmaniose, foram castrados, vermifugados e vacinados e estão com microchip de identificação debaixo da pele
A equipe é bastante rigorosa para avaliar candidatos a adotar os animaisEles precisam assinar um termo antes de levar o mais novo morador da casaDepois, a ONG faz visitas esporádicas, para ver a situação em que vive o adotadoEm 70% dos casos eles estão bem; cerca de 20% apresentam algum tipo de problema, como vacinas que não estão em dia, ou vivem em local inadequado“Apenas 5% dos casos são extremos e temos que recolher o animal, por causa de maus-tratos”, diz o veterinárioEm quatro anos, foram 1.650 adoções em BH.
Novos encontros
em feira de adoção
Nesse fim de semana, em mais uma feira de adoção, a expectativa era alta para encontrar pessoas dispostas a acolher os animais sem donoValentina foi um dos que ganharam um novo larSem nenhum comando, a cadela de pelo preto estendeu a patinha para uma das candidatas à adoçãoA estudante Bruna Ribeiro Guimarães, de 22 anos, não teve dúvida de que ela seria sua mais nova companheira
Sensibilizado com a situação dos cães de rua, o enfermeiro Augusto César da Silva, de 34, costuma visitar feiras de adoção para tentar conseguir, entre seus amigos, um lar para os animaisNa casa dos pais, em Paraopeba, já vivem quatro cachorros adotados“Gosto muito de animal e fico sensibilizado ao ver um cão sofrendo na rua, sem larMeu sonho é ter um canil para cuidar deles.” Recentemente, Augusto arrecadou dinheiro para pagar o tratamento de um vira-latas, abandonado em Ribeirão das Neves, que estava com uma das patas dilaceradaAmanhã, quando tiver alta, o bicho, batizado de Valente, seguirá para a casa de uma colega de trabalho do enfermeiro.