Depois de ter um período chuvoso com muita seca em 2014, que resultou em uma crise hídrica, Belo Horizonte teve um alívio. Em maio deste ano, o acumulado de chuva bateu recorde desde o começo das medições, em 1910. A capital mineira recebeu 96,7 milímetros no período, mais de três vezes que a média histórica para o mês, que é de 27,8 milímetros. Mesmo assim, a situação dos reservatórios do Sistema Paraopeba, que abastece a Grande BH, continuaram estáveis. Nesta semana, ainda há possibilidade de chuva.
Os dados foram coletados na estação de referência localizada na Avenida Raja Gabáglia, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Mesmo tendo chuvas acima da média, o acumulado em maio não foi tão significativo. “O acumulado para maio é recorde, mas 96 milímetros não é tanta chuva. Para se ter ideia, em dezembro, o mês normalmente mais chuvoso, a média histórica é de 300 milímetros”, afirma o meteorologista Heriberto dos Anjos, do Centro de Climatologia da PUC Minas.
Desde o início da coleta de dados, em 1910, o mês atingiu o maior acumulado, 96,7 milímetros. O recorde anterior para o período foi em 1978, segundo o meteorologista, que teve 79,4 milímetros. Seguido de 1998, com 78,2 milímetros, e 1979, com 71,9 milímetros. Em 2015, somente janeiro ficou abaixo da média histórica. “Entre fevereiro e maio as chuvas registradas foram acima da média. Tratando-se a crise hídrica que estamos vivenciando, não mudou a situação, mas no mínimo não piorou. Se o período seco tivesse antecipado e começado em março, agora estaríamos em uma situação mais crítica”, comenta Heriberto dos Anjos.
A explicação para o aumento da chuva nos últimos quatro meses é a perda de força de um bloqueio atmosférico que atuava sobre Minas Gerais desde o ano passado. “Esse bloqueio contribuiu para um período chuvoso bem atípico. Por isso, não choveu e acabamos com essa crise hídrica. Em fevereiro o bloqueio perdeu força e, a partir daí, estamos tendo chuva. Agora, podemos ter umas pancadas nos próximos meses”, diz o meteorologista.
Mesmo com o aumento das chuvas, a situação do Sistema Paraopeba continua crítica. Nos últimos 30 dias, os três reservatórios que compõem o sistema tiveram ligeira queda ou se mantiveram estáveis. O Rio Manso saiu de 52,2%, medido em 2 de maio, para 50,6% nesta segunda-feira. No mesmo período, Vargem das Flores também teve queda, de 40,8% para 39,5%. Já o Serra Azul se manteve estável em 15,8%.
Para se ter uma ideia da situação, no ano passado, em 1º de junho, o reservatório Serra Azul estava com 30,7% de sua capacidade, Vargem das Flores com 55,3%, e Rio Manso, 80,5%.