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Estado de Minas

Dossiê da prefeitura sobre queda do viaduto será entregue na próxima semana, diz Lacerda

Prefeito ainda reclamou não ter tido acesso ao inquérito policial, em que a prefeitura é acusada de omissão no caso. Ex-secretário de obras José Lauro Terror, indiciado pelo MPMG, prestará depoimento nesta quarta-feira


postado em 02/06/2015 20:44 / atualizado em 02/06/2015 21:35

O prefeito Marcio Lacerda anunciou, nesta terça-feira, que apresentará na próxima semana o dossiê com informações da prefeitura sobre a queda do Viaduto Batalha dos Guararapes, que resultou na morte de duas pessoas durante a Copa do Mundo de 2014. Lacerda reclamou não ter tido acesso ao inquérito policial, em que a prefeitura é acusada de omissão no caso. Ao todo, 19 pessoas foram indiciadas. Entre os nomes está o ex-secretário de obras, José Lauro Terror e outros sete funcionários da prefeitura de Belo Horizonte.

“Até hoje não tivemos acesso aos documentos do inquérito. Na semana que vem vamos divulgar o dossiê e demonstrar os detalhes daquele triste episódio. Com atas das reuniões, correspondências e e-mails trocados. Estou tranquilo sobre o papel da Sudecap. Não houve alerta de erros e riscos”, disse Lacerda. Segundo o prefeito, o ex-secretário vai prestar depoimento nesta quarta-feira ao Ministério Público.

O desabamento do viaduto, na Avenida Dom Pedro I, causou a morte de duas pessoas e feriu mais de 20 no dia 3 de julho de 2014. No dia da queda, o Instituto de Criminalística iniciou os trabalhos de apuração no local. Em 4 de julho, a polícia elaborou um ofício para a Sudecap e para a Cowan, empresa responsável pela construção do elevado, pedindo o projeto de arquitetura e o projeto estrutural. O Instituto de Criminalística esperou a retirada de escombros do viaduto para terminar a perícia.

Em 3 de setembro, o Instituto de Criminalística entregou laudo que apontou causas técnicas do desabamento do viaduto. Houve um cálculo de bloco da fundação que foi feito de forma errada e a obra foi executada com este desacerto. Por isso, a estrutura do elevado não resistiu. Durante o inquérito, a polícia analisou detalhadamente o complexo laudo elaborado pelo Instituto de Criminalística. Foram solicitadas informações complementares e depoimentos durante as apurações.

Segundo a polícia, “nessas apurações foram identificadas diversas ocasiões em que pessoas envolvidas na elaboração do projeto e na construção da obra questionavam os erros graves que poderiam comprometer a sustentação do viaduto”.

Conforme o delegado Hugo e Silva, que presidiu o inquérito, houve omissão da Sudecap na obra do viaduto. “O que se verificou...fora a consumação de uma espécie de omissão imprópria, em que todos os indiciados contribuíram relativamente para o resultado das mortes, dezenas de pessoas feridas e desabamento do viaduto”.

As 19 pessoas são indiciadas por homicídio, com dolo eventual, pela morte da motorista Hanna Cristina Santos e do condutor Charlys Frederico Moreira do Nascimento. São também indiciados por tentativa de homicídio, por dolo eventual, a 23 vítimas de lesões. Por fim, pesa sobre os 19 profissionais o indiciamento por desabamento, tendo como vítima a sociedade, já que todos os cidadãos foram colocados em risco.

No indiciamento, o delegado Hugo e Silva considerou “a omissão dos engenheiros das empresas envolvidas na construção, que apesar de terem sido alertados diversas vezes por técnicos da Sudecap de que havia erros grotescos no projeto, não providenciaram as correções, associadas à falta de providências efetivas por parte da autarquia da Prefeitura de BH, que não determinou suspensão da construção”.


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