De olho em uma passageira distraída que aguarda o ônibus do BRT/Move na Estação São Francisco, na Avenida Antônio Carlos, um rapaz tenta tomar dela a bolsa e o celularA atitude poderia ser considerada até rotineira nas plataformas, que foram instaladas sem contar com segurançasMas, ontem, o desfecho foi diferente: com o início do trabalho de 192 vigilantes que atuarão 24 horas por dia nas estruturas de embarque e desembarque, o roubo acabou sendo impedido por um dos seguranças, que pelo rádio chamou a Guarda MunicipalEm questão de minutos, duas viaturas e três motocicletas da corporação chegaram ao local e começaram as buscas pelo assaltante nos arredores e até em estações próximas, como a IAPIEsse foi apenas um dos conflitos que os vigilantes encontraram em seu primeiro dia de trabalho, que teve ainda pessoas tentando burlar catracas ou entrar pelas plataformas sem pagar, além de uma batalha contra vendedores ambulantes, que muitos não conseguiram controlar.
Ao todo, 192 profissionais contratados por licitação começam a trabalhar em esquema de revezamento em 48 postos de vigilânciaPorém, eles não usam armas, nem mesmo de choque: para proteger estações e passageiros, contam com cassetetes de borracha, coletes à prova de balas, algemas e um radiocomunicadorEm alguns terminais, dois seguranças podem trabalhar em conjunto, de acordo com a necessidadeOs profissionais de vigilância poderão atuar na contenção de frequentadores, mas as estações de transferência continuam sendo monitoradas pela Guarda Municipal e Polícia MilitarAlém disso, um trabalho educativo é feito pela BHTrans, a fim de conscientizar os usuários sobre a preservação do patrimônio público.
Em uma das estações de transferência do Corredor Antônio Carlos, o segurança contou ter sido necessário impedir que pessoas passassem por baixo ou por cima das roletasSem autorização para dar entrevistas, disse informalmente que as pessoas agiam com naturalidade e se surpreenderam ao ser barradas“Outro problema grave que vimos aqui é a quantidade de baleiros e outros ambulantes que, mesmo orientados a não fazer comércio dentro das estações, ainda resistem”, disse
De qualquer forma, a presença dos vigilantes trouxe mais tranquilidade para funcionários e passageiros do sistema“Já fiquei vários dias sem vir trabalhar, por causa do trauma de ter sido assaltada dentro da bilheteriaO homem estava armado e levou todo o dinheiro que a gente tinhaEra insegurança demais, tanto de dia quanto à noite”, disse uma das bilheteiras, que pediu para não ser identificada“Antes, eu não embarcava de noiteTinha medo e vi muitas estações quebradasDinheiro jogado foraAgora, posso até me animar a pegar o Move à noite”, disse a aposentada Ana Maria da Silva, de 69 anos.
Logo que a equipe de vigilância entrou em ação, o Consórcio Operacional do Transporte Coletivo de Passageiros por Ônibus do Município de Belo Horizonte (Transfácil) anunciou o início da substituição dos 55 monitores de TV das estações do MoveSegundo o consórcio, todos foram danificados por vândalos desde a inauguração do sistema.
Situação semelhante ocorreu no decorrer do primeiro ano de funcionamento do Move com as portas dos terminaisEm março, todas as 480 portas das estações passaram por manutenção, segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra)
Acordo interrompe greve dos ônibus
A greve de ônibus em Belo Horizonte foi suspensa, pelo menos até próximo mês, depois de acordo entre patrões e trabalhadores para pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) no prazo de 45 dias, corrigida pelo INPCA informação é do diretor de Comunicação do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários (STTRBH), Carlos Henrique MarquesSegundo ele, a categoria permanece em estado de greve e, caso o acordo não seja cumprido, podem ocorrer novas paralisações.
Vigilância do Move
192 seguranças privados, com coletes, cassetetes e radiocomunicadores
48 postos de vigilância
55 monitores destruídos começarão a ser substituídos
480 portas das estações chegaram a ser danificadas em março