O cantor Milton Nascimento esteve no velório de Fernando Brant na tarde deste sábado e disse, em entrevista coletiva, “minha vida não teria sido tão linda” sem a amizade com o compositor. Ele relembrou parcerias, momentos de amizade e músicas inesquecíveis escritas por Brant.
Milton lembrou a primeira composição de Fernando para ele. “A gente era tão amigo que fui pra São Paulo e tava compondo numa tarde três musicas: Pai Grande, Morro Velho e mais uma que falei ‘essa não vou fazer a letra’. Fiquei pensando: ‘tem um amigo meu em BH que quero que faça esta letra’. Vim para BH e falei com Fernando: você tem que fazer uma letra para uma música minha. Ele falou: você está louco? Passados meses, ele fez uma das coisas mais importantes das nossas vidas, que foi Travessia".
Segundo Milton, com Travessia, eles concorreram a um festival e a música ainda “voa pelo mundo”. “Essa música abriu as portas para todos nós. Foi uma coisa muito linda porque o Fernando nunca tinha feito letra até Travessia e a partir desse dia foi a vida inteira, até hoje, sem parar”, comenta.
Milton levou um susto com a morte do amigo. Disse que não conseguiu acreditar. “Fui para cama muito apavorado e 5h da manhã já estava na estrada”. Brant morreu na noite de sexta-feira, aos 68 anos, de complicações decorrentes de uma cirurgia de transplante de fígado. Submetido a uma primeira operação na terça-feira, o músico teve rejeição ao órgão e passou por um segundo transplante, na madrugada de ontem, no Hospital das Clínicas. A família confirmou a morte por volta das 21h40. Casado com Leise Brant, o compositor deixa as filhas Izabel e Ana Luiza, o filho do coração, Diógenes, e dois netos.
“O legado que ele deixa são todas as coisas que escreveu, as poesias, as palavras, o que a gente viveu juntos, o que não vivemos juntos – parcerias que ele fez com muitas outras pessoas. É o que há. Fernando deve estar num lugar bem especial numa hora dessas”, afirmou Milton.
Amigos prestam homenagem a Fernando Brant