O presidente da Consol Engenheiros Consultore, Maurício Lana, rebateu neste sábado, as informações divulgadas pelo ex-secretário de Obras da Prefeitura de Belo Horizonte José e ex-superintendente da Sudecap; José Lauro Nogueira Terror pela queda da alça sul do Viaduto Batalha dos Guararapes, durante entrevista concedida na tarde de sexta-feira. Terror responsabilizou a Consol apontando irregularidades e afirmou que em uma das revisões do projeto, a empresa chegou a detectar um erro de 40,4% nos cálculos do quadro de armadura para o pilar 3 do elevado.
Entre outras críticas, o ex-secretário apontou que houve demora na entrega dos projetos pela Consol e que, mesmo depois de várias revisões de cálculos, a perícia do Instituto de Criminalística (IC) constatou que erros do projeto teriam resultado na queda do pilar 3. Terror ainda lembrou que relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) indicou que o consórcio Consol/Enecon, contratado pelo então secretário municipal de Obras, Murilo Valadares, como consultoria da Sudecap para gerenciar as obras de reestruturação da Avenida Pedro I, em 2009, falhou na verificação e preparação de serviços executados.
Em nota, Maurício Lana, informou que “atribuir como causa da queda d ao projeto é uma forma parcial e simplificada de análise do problema. A afirmativa de que o bloco de fundação não resistiu ao peso da estrutura de 3.000 toneladas, está equivocada. Após o desabamento da alça sul, foi procedida uma análise completa das condições de estabilidade da obra. Os cálculos desenvolvidos constataram que o bloco do pilar P3, tal como projetado, resistiria ao esforço do peso próprio da estrutura”.
Mais uma vez, na nota, o representante da Consol atribuiu responsabilidades à Cowan, empresa que executou a obra: “o viaduto Guararapes não foi executado conforme o projeto da Consol”.
O representante da Consol relembrou outros problemas da construtora: “foi utilizado concreto vencido, reconhecido como tal pela fiscalização e por profissionais da construtora. Houve a retirada forçada do escoramento com as janelas abertas. Tal procedimento é totalmente inadequado e imprudente”. Lana ainda destacou falta de presença da Sudecap na obra: “não havia uma equipe completa de apoio técnico e controle de execução da obra. Medidas de simples precauções e recomendadas pela boa técnica deveriam ter sido observadas. A interrupção do tráfego durante a retirada do escoramento teria sido suficiente para eliminar o risco de morte e feridos”.
A queda da alça sul do viaduto sobre a Avenida Pedro I causou a morte de duas pessoas e deixou 23 feridas em 3 de julho de 2014. A Polícia Civil indiciou 19 pessoas por homicídio com dolo eventual, incluindo José Lauro Terror, servidores da Sudecap, proprietários, engenheiros e funcionários da empresa Consol, projetista, e da Construtora Cowan, executora da obra. O Ministério Público pediu a desclassificação da acusação de homicídio, com o que a Justiça concordou. Assim, os acusados responderão por crime de desabamento.Na esfera cível, o promotor Eduardo Nepomuceno já tomou o depoimento de vários envolvidos..