O Centro de Belo Horizonte é a região em que ocorrem mais roubos de celulares em BH: 8,9% dos aparelhos dos 790 contabilizados no site Onde fui roubado, segundo pesquisa da empresa Bem Mais Seguro, entre maio de 2014 e abril deste ano. Mas é a Avenida Nossa Senhora do Carmo o ponto crítico, entre os bairros São Pedro e Sion, Centro-Sul, que lidera em número de ocorrências do gênero. Em pouco tempo na avenida, é possível encontrar pessoas que foram atacadas, na maioria das vezes por menores com facas, e ficaram sem o telefone.
Os números do site não representam exatamente a realidade do roubo de celulares na capital, já que se tratam de relatos espontâneos de vítimas, não estando incluído muitos casos registrados em boletins de ocorrência policial e outras que não prestaram queixa. É o caso da auxiliar de cozinha Juliana Andrade Soares, de 25, que trabalha na Savassi e, pelo baixo valor do aparelho, não prestou queixa. “Tinha pouco tempo que comprei o aparelho, por R$ 300. Roubaram e comprei um ainda mais barato. Mas quando passo aqui na Nossa Senhora do Carmo, indo para o trabalho ou voltando para casa, escondo o aparelho na cintura”.
Já a empresária de moda Letícia Gaio, de 25, teve um prejuízo de quase R$ 3 mil, ao ter um iPhone roubado. “Acho fundamental fazer boletim de ocorrência, bloquear o chip e o aparelho na operadora.
O estudante de engenharia Saulo Henrique, de 23, também teve um aparelho roubado por dois homens na avenida. “Prefiro andar pela Rua Grão Mogol, desde que fui roubado: “Não é só o prejuízo material. A gente fica impotente, temendo pelo pior”. A namorada dele, Jéssica Borges, de 24, estudante de biologia, conta que escapou por sorte de ser assaltada durante o dia, bem no começo da Nossa Senhora do Carmo. “Desci do ônibus e logo veio um homem dizendo que estava armado e mandando entregar o celular. Corri na direção de um shopping, onde tinha um policial e comecei a gritar. O homem fugiu”, recordou.
Existem dois pontos críticos na Nossa Senhora do Carmo: no primeiro quarteirão, onde há grande movimentação de pessoas que em um shopping e uma casa de shows, e no último quarteirão, em dois pontos de ônibus, próximos ao trevo do Belvedere e ao Morro do Papagaio. O eletricista Velber Ulisses, de 48, diz que pega ônibus no local com frequência. “Já vi gente dizendo que foi roubada aqui, mas nunca me senti ameaçado. Minha tática é não atender o telefone aqui. Deixo no silencioso”, afirma. O segurança A.J., de 48, morador do aglomerado, diz que a maioria dos roubos ocorre dentro dos ônibus. “Os adolescentes embarcam no começo da avenida e no trajeto tomam os telefones.
OUTROS BAIRROS Além do Centro de BH, os bairros Funcionários (5,8%) e Santa Efigênia (4,1%), são os mais visados por ladrões de celulares. Entre as avenidas, depois da Nossa Senhora do Carmo, aparecem Afonso Pena, Antônio Carlos, Amazonas, Contorno e Cristiano Machado. “As regiões com maior circulação de pessoas são as mais visadas pelos assaltantes”, explica o presidente da Bem Mais Seguro, Marcello Ursini.
Para detalhar os locais mais procurados pelos criminosos, a empresa analisou dados da plataforma colaborativa Onde Fui Roubado, que registrou 790 roubos entre maio de 2014 e abril de 2015. O site permite às vítimas registrar denúncia – por meio de geolocalização – por aplicativo ou web. A iniciativa ajuda a mapear o perfil de crimes envolvendo roubo de objetos nas principais cidades do país, com o intuito de chamar a atenção das autoridades e usar as informações como forma de prevenção.
Ao longo de 10 anos, o site já registrou 50 mil denúncias no país. Em caso de roubo ou furto, a Bem Mais Seguro recomenda que o usuário do aparelho não reaja, bloqueie o chip do celular com a sua operadora, faça um boletim de ocorrência online ou na delegacia mais próxima e solicite o bloqueio do IMEI com a operadora, após fazer o B.O. O número pode ser encontrado na nota fiscal do aparelho.
Quadrilhas presas
As polícias Militar, Federal e Rodoviária prenderam pelo menos três quadrilhas especializadas em roubo de celular em Belo Horizonte e no interior, em menos de dois meses. Em 2 de maio, três homens e uma mulher roubaram 40 aparelhos iPhone durante um show de música eletrônica no Mirante Olhos d’Água, no Barreiro. O bando estava hospedado em hotel no Centro de BH.
Treze dias depois, um peruano, de 37 anos, foi flagrado depois de se acidentar na BR-381, em Careaçu, no Sul de Minas. Com ele estavam 17 smartfones roubados durante um show na exposição agropecuária de Lavras, na mesma região.
A pesquisa da Bem Mais Seguro aponta que, em média, o prejuízo com roubo de celular é de R$ 879, o que, no total do volume constatado pelo site, soma R$ 694 mil. O estudo aponta que 61% dos aparelhos são roubados à noite e 39%, durante o dia. Curiosamente, os homens são os principais alvos, com 56%, contra 44% de telefones roubados das mulheres.