Depois de experimentar um crescimento econômico que fez mais que dobrar a população, se comparados os dois últimos censos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a projeção populacional para 2014, Nova Serrana, polo calçadista no Centro-Oeste de Minas, assiste à escalada proporcional nos índices de criminalidade. A média mensal de roubos no município saltou de 40 em 2012 para 90 nos quatro primeiros meses deste ano, crescimento de 125%, com base nos dados divulgados mensalmente pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) (veja quadro). Os assassinatos somaram 19 ocorrências em 2012 e fecharam o ano passado em 38, exatamente o dobro. Em 2015, os quatro primeiros meses indicam tendência de queda, depois que a Polícia Civil desmantelou uma quadrilha de tráfico de drogas.
De acordo com o tenente-coronel Paulo Sérgio da Silva, comandante do 60º BPM, em 9 de dezembro do ano passado houve mudanças na estrutura policial na cidade. A unidade da PM, que era considerada companhia, passou a ser batalhão, garantindo mais 15 policiais e a esperança de mais recursos. “É como se fosse um credenciamento para recebermos mais recursos. Já existe o conhecimento do comando-geral sobre a necessidade de outros 120 policiais, que esperamos ser atendida com base no atual concurso aprovado e nos próximos que forem ocorrendo”, diz o militar.
MENORES Além do crescimento econômico, o tenente-coronel Paulo Sérgio aponta a alta participação de menores nos casos de roubo como dificultador do trabalho de prevenção. “Não existe um centro de internação na cidade. Em outros municípios é difícil conseguir vagas, então a reincidência é muito grande”, acrescenta o militar, estimando em 70% a participação de adolescentes com menos de 18 anos em casos de roubos em Nova Serrana. Segundo o comandante, atualmente a PM faz duas operações por semana para tentar coibir os assaltos.
O delegado regional da cidade, Felipe Costa Marques de Freitas, diz que tem dado prioridade aos casos de reincidência, mas cita a grande migração como um dificultador do trabalho investigativo. “Muitas vezes, o indivíduo comete um crime aqui e foge para sua cidade de origem. Investigar nessas circunstâncias fica mais difícil”, argumenta. Freitas ainda lembra que a circulação de dinheiro na cidade atrai as atenções para o crime contra o patrimônio. “Não existe uma quadrilha especializada em roubos. É uma situação pulverizada e aleatória”, afirma.
Desde maio de 2014, a delegacia de Nova Serrana deixou de ser local para se tornar regional, o que significa mais recursos e a possibilidade de se segmentar as apurações por tipo de ocorrência. Mesmo assim, os 27 funcionários ainda precisam de reforço em todas as carreiras, segundo o delegado.
O aumento dos roubos também é apontado como resultado de um trabalho que deu um golpe no tráfico de drogas. No fim do ano passado, a Polícia Civil desmantelou a quadrilha que comandava a venda de entorpecentes na cidade, em operação que culminou com a morte do traficante Douglas Rodrigues Vieira, o DG, de 24 anos. Ele era apontado como envolvido em pelo menos 15 assassinatos em Nova Serrana. “Com a intensificação no combate ao tráfico, muitos criminosos perceberam que as drogas não estavam rendendo e migraram para o roubo. Atualmente, já conseguimos frear o aumento dos homicídios”, completa o delegado.