Jornal Estado de Minas

Ouro Preto

Primeiro a chegar no local de queda de helicóptero, pedreiro conta o que viu

O helicóptero modelo Jet Ranger 206-B, de matrícula PT-YDY caiu na região montanhosa da Mata do Palmito

Luana Cruz Landercy Hemerson

O distrito de Santa Rita de Ouro Preto, em Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais, vive um clima de consternação nesta quarta-feira depois da queda do helicóptero que matou o piloto Felipe Piroli, o empresário Roberto Queiroz e o filho dele, Bruno Queiroz.

Moradores se mobilizaram na tarde de terça-feira para acessar o local do acidente, na esperança de encontrar pessoas vivas. Nesta manhã, a população acompanha a movimentação de policiais, bombeiros e representantes do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) que iniciam, em breve, a remoção dos corpos e apuração das causas da tragédia.

Gilmar Eurélio Santana, 39 anos, ouviu ruídos e foi o local tentar encontrar sobreviventes - Foto: Marcos Vieira/EM DA PressO helicóptero modelo Jet Ranger 206-B, de matrícula PT-YDY, caiu na região montanhosa da Mata do Palmito. O pedreiro Gilmar Eurélio Santana, 39 anos, foi o primeiro a chegar no local da queda. Ele relatou que, por volta de 16h40, estava trabalhando na igreja do povoado Morro do Palmito e ouviu um barulho forte de helicóptero. Segundo Santana, pouco depois escutou um assovio parecendo um ruído de turbina e o silêncio em seguida. Presumindo que algo teria acontecido na mata, o pedreiro e um colega – que conhecem bem a região de vegetação fechada – iniciaram uma caminhada com lanternas em busca do local da queda.
“Não houve barulho de explosão, nada disso”, relata Santana.

O pedreiro chegou ao clarão aberto pelo helicóptero na mata por volta de 19h30 e viu a aeronave destruída, além das três vítimas sem vida. A testemunha reafirmou as informações de bombeiros de que a neblina tomava conta da região no horário do acidente. Ele retornou para o distrito e acionou os bombeiros. Santana ainda lamenta o fato de não ter conseguido ajudar as vítimas e, assim como toda a comunidade, está muito chocado com as mortes.

O tenente do Corpo de Bombeiros Júlio César Teixeira é comandante da companhia de Ouro Preto e está à frente das operações de resgate dos corpos. Segundo ele, tudo indica que o helicóptero bateu nas árvores em alta velocidade. Esse poderia ser um indicativo, conforme o militar, de que não houve uma tentativa de pouso, mas sim uma batida completamente acidental em meio ao céu nublado.

“Pedaços de hélices e partes do helicóptero estão por todo lado. O corpo do piloto está muito preservado, assim como a toda a cabine. A situação do local é de vegetação alta e a aeronave chegou a cortar troncos de árvores de 10 a 20 centímetros de diâmetro. Infelizmente quando chegamos o ao local, por volta de 19h30, acionados por moradores, verificamos que todos estavam mortos. Não foi uma tentativa de pouso”, reforça.


A neblina continua nesta quarta-feira e pode dificultar até mesmo o trabalho de peritos e militares do Cenipa. O delegado Ramon Sandoli, chefe do Núcleo de Operações Aéreas da Polícia Civil, está no local para acompanhar as apurações. A equipe dele vai registrar imagens que possam ajudar o trabalho do Cenipa. Os bombeiros limparam toda a área de mata que envolve o acidente para facilitar a coleta de dados periciciais.

O capitão da Polícia Militar, Alexandre Oliveira, também esteve no local da queda e auxilia a operação de hoje. Ele acredita que, por causa da situação do corpo, o piloto não tenha morrido na hora. Segundo o militar, pode haver um indicativo de que Felipe tenha tentado deixar o helicóptero.

ANGÚSTIA Familiares e amigos das vítimas estão em Ouro Preto e acompanham as apurações muito angustiados. Somente o padrasto do piloto, sócio da HeliBH, empresa de aluguel de helicópteros sediada em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, teve acesso ao local do acidente. Ele voltou extremamente abalado.
O empresário Roberto Queiroz, que morreu juntamente com o filho, é dono da empresa Lotear Empreendimentos Imobiliários Ltda.

Bombeiros e representantes do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) iniciam, em breve, a remoção dos corpos e apuração das causas da tragédia - Foto: Marcos Vieira/EM DA Press

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