Os trabalhos de perícia para identificar as causas do acidente com um helicóptero na Mata do Palmito, em Santa Rita de Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais, foram encerrados no final da tarde desta quarta-feira. Apesar de os militares do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes (Seripa III) não revelarem as evidências colhidas no local, o delegado Regional Rodrigo Mustamonte, que participou dos levantamentos, afirmou que a aeronave não teve desaceleração antes da queda.
Os corpos das três vítimas o piloto Felipe Piroli, 24 anos, enteado do sócio da HeliBH, empresa de aluguel de helicópteros, sediada em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte; o empresário Roberto Queiroz, 63, dono da empresa Lotear Empreendimentos Imobiliários Ltda. e o filho dele, Bruno Queiroz, 26, foram retirados da aeronave quase 24 horas depois do acidente. Como o local era de difícil acesso, o helicóptero dos bombeiros foi usado para retirar os corpos.
Os cadáveres serão levados para o Instituto Médico Legal (IML) de Ouro Preto por uma funerária da cidade. Roberto e Bruno Queiroz serão velados em Conselheiro Lafaiete, na Região Central do Estado e depois cremados no Cemitério Renascer, em Contagem. Já o corpo do piloto vai ser encaminhado diretamente para Belo Horizonte.
O delegado Rodrigo Mustamonte ainda vai avaliar se vai abrir um inquérito para apurar a queda em paralelo as apurações do Ceripa. “Fizemos o levantamento de perícia e agora vamos estudar se vamos abrir ou não inquérito, se há ou não indício de crime”, explicou logo ao fim dos trabalhos.
Dados da queda
O chefe de proteção do Ceripa 3, capitão Erick Cheve, não quis dar detalhes sobre as possíveis possibilidades da queda da aeronave. “Se eu apresentar alguma hipótese agora para o acidente seria uma tolice. O que nós fizemos foi recolher informações, evidências, a partir de equipamentos, posições encontradas da aeronave, fotos, para podermos analisar as causas do acidente. O objetivo do Ceripa não é apontar culpados, mas apenas investigar os motivos que levaram a ocorrência para evitar novos acidentes”, afirmou.
Sobre as possibilidades levantadas, como o tempo ruim, a cerração e a possibilidade de haver falha mecânica, o capitão informou que não dá para dar hipótese no momento. Segundo ele, a aeronave vai ficar a disposição do Ceripa até quando o órgão julgar necessário.
Embora o Ceripa não tenha revelado as evidências colhidas no local, o delegado regional de Ouro Preto confirmou que a aeronave não teve desaceleração antes da queda. Segundo Mustamonte, um morador diz ter avistado uma manobra da aeronave. Ela vai prestar depoimento nos próximos dias. “Uma testemunha que já está identificada e vai ser ouvida, informou que viu o helicóptero fazendo um retorno em um local conhecido como pedreira, o que pode indicar que o piloto estaria tentando fazer um pouso”, comentou.
O acidente
Moradores da comunidade de Bandeirantes acionaram a corporação às 16h30, depois de ouvir um estrondo e, em seguida, fumaça saindo da mata. De acordo com o subcomandante da Guarda Civil de Ouro Preto, Geovanni Mapa, chovia no local no momento do acidente. O piloto teria tentado realizar o pouso em uma área aberta, mas bateu a cauda em uma árvore e a aeronave girou.
Conforme o Corpo de Bombeiros, a aeronave seguia de Macaé, no Rio de Janeiro, com destino a Nova Lima e parou em Ubá, na Zona da Mata mineira, para abastecer. O helicóptero decolou por volta das 16h com tempo nublado. Em Ouro Preto, ele "guardou" - expressão usada pelos pilotos quando a aeronave voa dentro de uma nuvem -, e bateu contra uma montanha.
O modelo Jet Ranger 206-Bell tem capacidade para cinco pessoas, incluindo o piloto. No site da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave PT-YDY está matriculada em nome da Lotear Empreendimentos Imobiliários. O helicóptero teria de fazer nova Inspeção Anual de Manutenção (IAM) a partir de 14 de novembro deste ano, quando venceria a atual documentação. O Certificado de Aeronavegabilidade da aeronave tem validade até 17 de novembro de 2018.