O segundo desastre aéreo em Minas Gerais em um intervalo de nove dias, somando seis mortes, chama a atenção para o crescimento do tráfego aéreo no Brasil e especialmente em território mineiro, onde o número de helicópteros mais que dobrou nos últimos oito anos. Somando todos os tipos de aeronaves, o estado fica atrás apenas de São Paulo em frota aérea, fechando 2014 com 1.832 modelos registrados. Paralelamente a esse crescimento, de 2010 a 2014, 23 pessoas morreram vitimadas por tragédias aeronáuticas em Minas. Com o movimento cada vez mais frequente nos céus, especialistas da área cobram mais investimentos em treinamento de pilotos e na infraestrutura geral de apoio à aviação, como manutenção, engenharia e operação. Além disso, a associação de pilotos pede regulamentação da jornada de trabalho para a área comercial, pois o cansaço também favorece os problemas.
No fim da tarde de terça-feira, o helicóptero Jet Ranger 206-B prefixo PT-YDY caiu na Mata do Palmito, em Santa Rita de Ouro Preto, distrito de Ouro Preto, na Região Central do estado. Morreram os três ocupantes: o piloto Felipe Piroli, de 24 anos, além do empresário Roberto Queiroz, de 63, dono de uma corretora com atuação em Minas e no Rio de Janeiro, e de seu filho, Bruno Queiroz, de 23.
A aeronave saiu de Macaé, no Rio de Janeiro, onde a empresa Lotear Empreendimentos Imobiliários, dona do aparelho, tem escritório. Houve uma parada para abastecimento em Ubá, na Zona da Mata. A saída rumo ao hangar da empresa HeliBH, em Nova Lima, na Grande BH – destino final do voo –, foi às 16h, mas antes de chegar a aeronave desapareceu.
A investigação será conduzida pelo Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa III), ligado ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Embora as autoridades considerem ser prematuro falar sobre causas, um dos fatores que surgiram para tentar explicar a tragédia é o mau tempo da região no momento da passagem do helicóptero. Um nevoeiro intenso relatado por testemunhas pode ter bloqueado a visibilidade e facilitado uma colisão contra alguma montanha, antes da queda na mata. Será considerado também relato de testemunhas que parecem indicar a tentativa do piloto de fazer uma manobra de retorno, o que poderia apontar a preparação para um pouso de emergência.