Jornal Estado de Minas

'Isso não foi uma manifestação, foi um ato criminoso', diz PM sobre protesto na MG-010

Cerca de 500 pessoas ocuparam a MG-010 e o entorno da rodovia contra ações de despejo. Houve confronto entre PM e manifestantes com uso de bala de borracha, gás de pimenta e gás lacrimogêneo. Há pelo menos 30 presos e seis feridos

Luana Cruz Cristiane Silva


“Isso não foi uma manifestação, foi um ato criminoso”, disse o porta-voz da Polícia Militar, a major Gilmar Luciano, na manhã desta sexta-feira sobre o protesto de membros das ocupações Vitória, Rosa Leão e Esperança, que vivem no terreno da Granja Werneck, na Região Norte de Belo Horizonte.
Cerca de 500 pessoas ocuparam a MG-010 e o entorno da rodovia contra ações de despejo. Houve enfrentamento entre manifestantes e policiais militares, além de incêndio a ônibus. Segundo o major Gilmar, pelo menos 30 pessoas estão presas em flagrante e seis feridas.

Por volta de 8h40, os integrantes das ocupações caminharam pela MG-010 bloqueando o trânsito em direção à Cidade Administrativa. O Batalhão de Choque negociou a abertura da rodovia, momento em que houve confronto. “Atearam fogo em ônibus, quebraram o ônibus funcional da Cidade Administrativa, agrediram servidores. Estão criminosamente colocando crianças à frente da turma.
Nós agimos rápido e não permitimos mais interrupção da MG-010. Usamos armas de menor potencial ofensivo como bala de elastômetro (borracha), gás de pimenta e gás lacrimogêneo”, informou o porta-voz da PM.

Moradores que participam da manifestação de hoje denunciaram ações violentas da PM. Segundo eles, os militares usaram “para liberar a linha verde balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo”. Ainda conforme os membros das ocupações, várias pessoas ficaram feridas, entre elas uma bebê que levou um tiro de bala de borracha.

De acordo com o tenente-coronel Gianfranco Caiafa, comandante do Batalhão de Choque, que esteve à frente da operação, os manifestantes depredaram também outros ônibus que circulam na MG-010, além de tentarem invadir Hospital Risoleta Neves. Segundo o comandante, o diretor do hospital está registrando boletim de ocorrência para relatar os danos.

“A gente deixou claro que não era para fechar a MG-010. É uma via muito importante, principalmente para pessoas que querem levar feridos ao Risoleta Neves. Tentamos convencê-los de que iríamos acompanhá-los até a Cidade Administrativa pela via marginal, mas a estratégia deles era ocupar um lado, depois outro. Pela marginal, tudo bem, mas pela via principal não dá”, afirma o comandante.

Conforme o tenente-coronel, por volta de 9h foi dado “ultimato” para os manifestantes não ocuparem a via porque usaríamos força se fosse necessário. “Usamos da força legal, necessária para retirarmos a manifestação da rua”, disse Franco.

O motivo do protesto é o aviso de reintegração de posse que será tratado em reunião nesta sexta-feira, às 14h, entre Comando de Policiamento da Capital, Ministério Público e membros das ocupações.
A PM diz que estará presente no ponto da reunião no Bairro de Lourdes.

DESPEJO O despejo dessas ocupações é um embate judicial que vem desde 2013. No ano passado, a PM chegou a marcar pelo menos duas datas para uma megaoperação de reintegração de posse que não ocorreu. As comunidades estão instaladas em parte de uma área de mais de 3 milhões de metros quadrados. No caso da Ocupação Vitória, a permanência de famílias tem impedido a implantação de empreendimentos do programa federal Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, capaz de abrigar 13,2 mil famílias de baixa renda em Belo Horizonte.

Vídeo divulgado pelas Brigadas Populares:
 


Nota da PM, na íntegra:
A PMMG informa que, nesta manha por voltas das 10:15, uma multidão com aproximadamente 500 pessoas, provenientes da ocupação conhecida como Isidoro, tentaram ocupar a MG 10, na altura da cidade administrativa, ocasião em que provocaram uma grande quebradeira, inclusive atearam fogo em um ônibus coletivo.A PMMG Prontamente Restaurou A Ordem Publica No Local, E No Momento Se Faz Presente Contanto Com As Seguinte Estrutura Operacional: A tropa de Choque, ROTAM, Batalhão Aéreo, Batalhão de Polícia Militar Rodoviário, além do efetivo do 13º Batalhão. A PMMG ao impedir a ação criminosa foi agredida pelos manifestantes, ocasião em que precisou empregar instrumentos de menor potencial ostensivo (agente de pimenta, agente lacrimogêneo, elastômero)..