“Isso não foi uma manifestação, foi um ato criminoso”, disse o porta-voz da Polícia Militar, a major Gilmar Luciano, na manhã desta sexta-feira sobre o protesto de membros das ocupações Vitória, Rosa Leão e Esperança, que vivem no terreno da Granja Werneck, na Região Norte de Belo Horizonte. Cerca de 500 pessoas ocuparam a MG-010 e o entorno da rodovia contra ações de despejo. Houve enfrentamento entre manifestantes e policiais militares, além de incêndio a ônibus. Segundo o major Gilmar, pelo menos 30 pessoas estão presas em flagrante e seis feridas.
Por volta de 8h40, os integrantes das ocupações caminharam pela MG-010 bloqueando o trânsito em direção à Cidade Administrativa. O Batalhão de Choque negociou a abertura da rodovia, momento em que houve confronto. “Atearam fogo em ônibus, quebraram o ônibus funcional da Cidade Administrativa, agrediram servidores. Estão criminosamente colocando crianças à frente da turma. Nós agimos rápido e não permitimos mais interrupção da MG-010. Usamos armas de menor potencial ofensivo como bala de elastômetro (borracha), gás de pimenta e gás lacrimogêneo”, informou o porta-voz da PM.
Moradores que participam da manifestação de hoje denunciaram ações violentas da PM. Segundo eles, os militares usaram “para liberar a linha verde balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo”. Ainda conforme os membros das ocupações, várias pessoas ficaram feridas, entre elas uma bebê que levou um tiro de bala de borracha.
“A gente deixou claro que não era para fechar a MG-010. É uma via muito importante, principalmente para pessoas que querem levar feridos ao Risoleta Neves. Tentamos convencê-los de que iríamos acompanhá-los até a Cidade Administrativa pela via marginal, mas a estratégia deles era ocupar um lado, depois outro. Pela marginal, tudo bem, mas pela via principal não dá”, afirma o comandante.
Conforme o tenente-coronel, por volta de 9h foi dado “ultimato” para os manifestantes não ocuparem a via porque usaríamos força se fosse necessário. “Usamos da força legal, necessária para retirarmos a manifestação da rua”, disse Franco.
DESPEJO O despejo dessas ocupações é um embate judicial que vem desde 2013. No ano passado, a PM chegou a marcar pelo menos duas datas para uma megaoperação de reintegração de posse que não ocorreu. As comunidades estão instaladas em parte de uma área de mais de 3 milhões de metros quadrados. No caso da Ocupação Vitória, a permanência de famílias tem impedido a implantação de empreendimentos do programa federal Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, capaz de abrigar 13,2 mil famílias de baixa renda em Belo Horizonte.
Vídeo divulgado pelas Brigadas Populares:
Vídeo da violência policial contra os manifestantes das ocupações Izidora agora na linha verde!
Posted by Brigadas Populares - Minas Gerais on Sexta, 19 de junho de 2015
Nota da PM, na íntegra:
A PMMG informa que, nesta manha por voltas das 10:15, uma multidão com aproximadamente 500 pessoas, provenientes da ocupação conhecida como Isidoro, tentaram ocupar a MG 10, na altura da cidade administrativa, ocasião em que provocaram uma grande quebradeira, inclusive atearam fogo em um ônibus coletivo.A PMMG Prontamente Restaurou A Ordem Publica No Local, E No Momento Se Faz Presente Contanto Com As Seguinte Estrutura Operacional: A tropa de Choque, ROTAM, Batalhão Aéreo, Batalhão de Polícia Militar Rodoviário, além do efetivo do 13º Batalhão. A PMMG ao impedir a ação criminosa foi agredida pelos manifestantes, ocasião em que precisou empregar instrumentos de menor potencial ostensivo (agente de pimenta, agente lacrimogêneo, elastômero).