Passageiros de um dos ônibus depredados durante o confronto entre manifestantes das ocupações do Isidoro e a Polícia Militar na MG-010 viveram momentos de pânico durante o ataque contra o coletivo na manhã desta sexta-feira. O veículo transportava servidores do governo estadual e seguia em direção à Cidade Administrativa no momento em que foi abordado pelos vândalos.
A funcionária pública Luciana Nominato estava dentro do ônibus e disse que chegou a pensar que iria morrer, por causa da violência do ataque. Segundo ela, o veículo estava parado na rodovia há cerca de 40 minutos devido ao congestionamento provocado pela interdição da estrada. “Estávamos do lado de fora, conversando, quando percebemos que um grupo de motociclistas voltava na contramão, fugindo de manifestantes que vinham logo atrás”, conta.
Ao perceber que corriam risco, Luciana diz que os passageiros voltaram para dentro do coletivo, a fim de se proteger. Foi quando o veículo começou a ser apedrejado. “Havia umas 15 pessoas lá dentro. Muitos só não se machucaram porque conseguiram se esconder na parte sanfonada do ônibus (onde não há janelas). Todo mundo gritava, e se jogava no chão para se proteger dos estilhaços de vidro”, lembra a servidora.
Fotografias feitas por Luciana depois do ataque mostram pessoas feridas, algumas ainda em pânico. “Eles (os manifestantes) gritavam o tempo inteiro. Diziam que éramos ‘o governo’, e que iriam acabar com a gente”, revela. Segundo ela, um homem chegou a passar mal e duas sofreram cortes pelo corpo.
A situação só foi controlada com a chegada da PM, que usou uma bomba de efeito moral, conta a funcionária pública. Assustada, ela lamenta a ação do grupo que depredou o veículo. “Fizeram isso com pessoas que não tinham nada a ver com a história. Na hora só tive medo. Mas agora espero que nos ajudem e que sejam tomadas as medidas necessárias contra quem fez isso”, diz.
Entenda o caso
Cerca de 500 pessoas bloquearam a MG-010 no sentido BH/Confins caminhando em direção à Cidade Administrativa em protesto contra uma ação de reintegração de posse, segundo informações da Polícia Militar. O grupo foi retirado depois de aproximadamente uma hora de fechamento da rodovia, e houve impacto no trânsito, com registro de congestionamento.
O Batalhão de Choque da PM esteve no local e negociou a abertura da rodovia. O clima ficou tenso e manifestantes denunciaram violência durante a liberação do trânsito. “Atearam fogo em ônibus, quebraram o ônibus funcional da Cidade Administrativa, agrediram servidores. Estão criminosamente colocando crianças à frente da turma. Nós agimos rápido e não permitimos mais interrupção da MG-010. Usamos armas de menor potencial ofensivo como bala de elastômetro (borracha), gás de pimenta e gás lacrimogêneo”, informou o porta-voz da PM, major Gilmar Luciano.
Já os moradores que participam da manifestação denunciaram ações violentas por parte da PM. Segundo eles, os militares usaram balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo para liberar a estrada. Ainda conforme os membros das ocupações, várias pessoas ficaram feridas, entre elas uma bebê que levou um tiro de bala de borracha.