Jornal Estado de Minas

Após confronto na MG-010 pela manhã, PM diz que manifestantes são criminosos

Reintegração de posse na Izidora pode acontecer a qualquer momento a partir de segunda-feira

Marcelo Faria Estado de Minas

- Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press

A Polícia Militar fez duras críticas aos protestos na Linha Verde (MG-010) na manhã desta sexta-feira. Mais de 500 pessoas marcharam pela via e entraram em confronto com os policiais, uma ação que deixou pelo menos 30 presos, vários feridos e um ônibus coletivo queimado. Os manifestantes eram moradores da Ocupação Izidora e membros do Movimento Brigadas Populares e do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MBL).

O Major Gilmar Luciano, assessor de imprensa da PM, disse em entrevista coletiva que a corporação foi acionada por moradores do Bairro Serra Verde e região. “Em torno de 500 pessoas estavam em arrastão, um verdadeiro ato criminoso, nas ruas do bairro em direção à MG-010”, afirmou. Ele também disse que a PM restaurou a ordem pública que foi “quebrada de maneira bárbara e hedionda, por baderneiros”.

“Eles atearam fogo em um coletivo com pessoas dentro. Uma verdadeira tentativa de homicídio. Não satisfeitos com isso, interceptaram três ônibus que fazem o trajeto Estação Lagoinha/Cidade Administrativa. Foram depredados.
Trabalhadores se viram reféns dessa barbárie, deitaram no chão e foram agredidos fisicamente e verbalmente. Isso não é manifestação. Isso é crime”, completou.

 

Militantes criticam truculência da PM

Já a versão dos manifestantes sobre os eventos da manhã foi outra. “Não havia travamento, mas sim uma marcha. Estávamos em movimento quando fomos emboscados pela polícia”, relatou Isabella Miranda, militante das Brigadas Populares. Ela disse que em menos de 15 minutos de manifestação e sem nenhum tipo de aviso ou sinal claro, a PM partiu para cima. “Não houve nenhuma tentativa de contato com as lideranças e nem mesmo um sinal. Foram para cima com gás, balas de borracha e pancadas”, denunciou. Segundo ela, só depois disso que manifestantes atacaram equipamentos públicos com pedradas.

Ela também denunciou a falta de diálogo do governo estadual com as ocupações. “Foi uma negociação de fachada. Foi tudo um teatro. As famílias nunca tiveram a chance de apreciar a proposta do governo e nem mesmo fazer uma contraproposta. O governo nunca quis escutar e conversar.

Inclusive, a ação policial hoje foi mais violenta que as que foram empreendidas pelo governo do PSDB”.

Monah Karime El Kadri, coordenadora do MLB, disse que a resistência é justificada. “As famílias estão ali para resistir, porque é a casa delas. É a vida delas, o investimento da vida delas. É uma questão muito básica e por isso estão dispostos a tudo”. Ela também lamentou a negociação unilateral do governo. “Não houve nenhuma novidade. Se a gente vai voltar para a mesa de negociação? Fomos expulsos dela”.
 

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