Policiais devem ouvir nos próximos dias funcionários da Prefeitura de Belo Horizonte e militares que participaram da operação. O caso voltou à tona durante audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na semana passada, quando um dos participantes denunciou que parte dos cães havia morrido depois de serem confiscados.
A delegada Margaret de Freitas Assis Rocha, da Divisão Especializada de Proteção ao Meio Ambiente (Dema), é a responsável pelas investigações. Ela revelou que a perícia esteve no abrigo para onde os animais foram levados e constatou que aproximadamente metade dos filhotes morreu. Por isso, além dos comerciantes, a PBH e o abrigo podem ser responsabilizados.
O comandante da Companhia de Polícia Militar do Meio Ambiente, capitão Juliano José Trant de Miranda, esteve na audiência pública na ALMG. Militares da companhia e veterinários participaram da apreensão em abril e observaram as condições dos cães. “A maioria deles sem dentição, filhotes sem vacinação, em situação precária”, detalha o capitão Trant. “Quando um cão daqueles está doente, espalha para os outros rapidamente”. Segundo ele, havia animais com sinais de maus tratos. “Tem o relato fotográfico. Você vê as fotos dos animais com caudas cortadas, sem dentes”. As imagens foram repassadas ao Ministério Público e à Polícia Civil.
Contaminação
Um médico veterinário que prefere não se identificar contou à reportagem que a principal suspeita é de que os animais tenham morrido em função de uma contaminação anterior à apreensão. “Fiz o laudo dos cães quando eles foram retirados da feira. Após a apreensão feita pela prefeitura, parte deles apresentava sintomas de cinomose e parvovirose.
A cinomose também é causada por um vírus e atinge vários órgãos dos cachorros infectados. De fácil transmissão, provoca perda de apetite, vômito, diarreia, falta de coordenação, secreção no nariz e olhos, febre e apatia. O tratamento é difícil: o cachorro deve ser isolado e receber antibióticos para auxiliar no combate a infecções secundárias. Apesar disso, a taxa de mortalidade é muito alta, principalmente entre filhotes.
A responsabilidade da PBH e do abrigo pode se dar por negligência. “Se todos os animais não estivessem juntos, talvez não teria morrido nenhum. Tem que ver se a ação foi satisfatória. Por exemplo, será que se cada animal tivesse ficado com seu proprietário não teriam sido preservadas as vidas de outros animais? Talvez a morte possa ter ocorrido pelo fato de estarem ali juntos”, comentou Margaret de Freitas.Destino dos cães.
Venda irregular e maus tratos
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) também apura a venda irregular e a suspeita de maus-tratos contra os animais. Em nota, o órgão informou que “a promotoria não recebeu nenhuma denúncia até o momento contra o abrigo e nem sobre a morte de cães.