A reintegração de posse das ocupações do Resiste Isidoro - Rosa Leão, Esperança e Vitória - , na Região Norte de Belo Horizonte, está suspensa por 15 dias. A decisão foi tomada após um acordo entre o governo do estado e representantes das ocupações e movimentos sociais que participaram de uma reunião na manhã desta segunda-feira na Defensoria Pública de Minas Gerais.
Depois da reunião na Defensoria Pública, lideranças das ocupações disseram que a proposta estava sendo estudada e que nunca se fecharam às negociações. As lideranças reafirmaram que a ação da Polícia Militar os pegou de surpresa. "Era uma manifestação muito tranquila. Não entendemos a repressão de forma desproporcional", afirmou o coordenador do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), Léo Péricles. Foram apresentadas, durante a reunião, fotos dos moradores que foram atingidos durante o confronto. Segundo Léo, mais de 80 pessoas ficaram feridas.
O governo de Minas representado pelo secretário de direitos humanos, Nilmário Miranda, não falou à imprensa ao final da reunião. Representantes da Arquidiocese também participaram da reunião e ratificaram que o arcebispo de Belo Horizonte Dom Walmor Oliveira de Azevedo teria pessoalmente feito o pedido ao governador Fernando Pimentel para suspender a reintegração de posse.
Durante este período, a comissão responsável pelas negociações irá retomar a discussão sobre o destino das 8 mil famílias das ocupações Vitória, Rosa Leão e Esperança. O grupo será formado por movimentos sociais, igreja, e mediação da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Os moradores das ocupações exigem adequações na proposta do governo. Eles pedem que as famílias que estão no terreno há mais tempo e têm imóveis consolidados possam permanecer em suas casas, enquanto as demais iriam para os imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida. O acordo deve ser oficializado pelo governo à Justiça. “Quem rompeu a negociação? Não foi o movimento. Estávamos analisando as propostas para sugerir adequações. A legislação determina que em caso de reassentamento as famílias só podem ser retiradas para viver em condições iguais ou superiores”, disse Léo Péricles.
Além disso, representantes do MLB pediram durante a reunião o afastamento do comandante que estava à frente da operação policial que terminou em confronto durante um protesto na última sexta-feira, na MG-010. Eles alegam que cerca de 80 pessoas ficaram feridas. Eles dizem que a ideia era fazer uma marcha pacífica, sem ocupar a Cidade Administrativa.