A Polícia Civil terminou no fim da tarde desta quarta-feira a reconstituição do crime bárbaro contra Patrícia Xavier da Silva, 21 anos, em Ponte Nova, na Região da Zona da Mata de Minas Gerais. A vítima estava grávida de nove meses e teve o filho retirado por Gilmária Silva Patrocínio, que confessou o assassinato. Em sua versão, disse que atraiu Patrícia para a zona rural da cidade alegando que iria lhe dar de presente alguns materiais para a criança, como um berço. E lá, cometeu o homicídio. A mulher informou que cometeu o crime porque havia inventado uma gravidez para o marido e tinha medo de perdê-lo se não aparecesse com a criança. O homem e um andarilho detidos nesta manhã ainda serão investigados.
Gilmária teve a prisão preventiva decretada depois de entrar várias vezes em contradição durante o depoimento prestado nesta manhã na delegacia da cidade. Por volta das 15h30, a mulher, que acabou confessando o assassinato, foi levada até o Bairro Vale Verde, próximo a Fazenda Estiva, na zona rural da cidade, para fazer a reconstituição do crime.
Patrícia desmaiou com o golpe. Para esconder a vítima, Gilmária usou uma caixa d'água vazia. “Depois disso, ela desceu até uma construção, pegou uma fita crepe, uma lâmina e voltou até o local. Disse que pegou o pedaço de madeira e um golpe no pescoço da vítima que até causou a hemorragia. Em seguida, a amarrou com a fita crepe e a amordaçou. Com a lâmina, fez incisão na barriga e no útero e pegou a criança”, explicou Rocha.
Gilmária se mostrou uma mulher fria depois do crime. Segundo o delegado, a mulher pegou a criança ainda com a placenta e enrolou em alguns panos. Em seguida, colocou dentro de uma caixa e foi caminhando até a cidadde. Lá, pegou um táxi e foi para casa. No imóvel, acionou o Corpo de Bombeiros dizendo que tinha feito o próprio parto em casa. Por causa disso, foi encaminhada para o Hospital Nossa Senhora das Dores junto com a placenta e o bebê de Patrícia. “Gilmária veio para o hospital conduzida pelos bombeiros alegando que tinha feito o parto em casa. Ela foi atendida e recebeu alta. Ontem, a tarde internou novamente com a criança dizendo que estava acometida com algum mal, me parece pressão”, explica Cristian Passi, administrador do Hospital.
A Polícia Civil conseguiu informações sobre a mulher e fez a prisão dela na manhã desta quarta-feira na unidade de saúde. “O delegado veio e retirou ela e o marido da unidade de saúde. A criança, que está sadia, graças a Deus, foi levada para o Conselho Tutelar de Ponte Nova”, afirma Cristian. O administrador diz que o hospital está colaborando com as investigações. “ O hospital sempre auxiliou e está à disposição da polícia para desvendar este crime. Já entregamos as imagens do circuito interno”, confirmou.
Motivação para o crime
Segundo o delegado Silvério Rocha, Gilmária confessou que inventou uma gravidez para o marido e estava com medo de ele a abandonar caso não aparecesse com uma criança. Por isso, ela fingiu um parto em casa e acionou o Corpo de Bombeiros. “Premeditou o crime. Ela precisava de uma criança. Criou uma história que justificaria a vinda da vítima até o local que já conhecia porque a família dela tem um terreno vizinho”, comentou o delegado.
A polícia ainda não descartou a participação de outras pessoas no crime. Um andarilho preso nesta manhã depois que a polícia encontrou um cupom fiscal de compras no local do crime, vai continuar na delegacia. Os investigadores analisaram imagens das câmeras de segurança de um supermercado e identificaram o homem. A prisão preventiva dele já foi solicitada pelo delegado. A participação do companheiro de Gilmária ainda é investigada.
A polícia aguarda o resultado do exame de DNA que vai confirmar se o bebê encontrado com Gilmária é mesmo o filho de Patrícia. O resultado está previsto para sair dentro de 30 dias. Segundo o delegado, o recém-nascido passa bem, está em local seguro, com conhecimento da Justiça. O companheiro de Gilmária foi liberado.