Taxistas e motoristas que trabalham com o aplicativo Uber se envolveram em uma confusão na noite dessa quinta-feira no Bairro Funcionários, em Belo Horizonte. Vários taxiststas foram até o local depois de um bate-boca entre um colega e um dos motoristas.
A confusão aconteceu na esquina da Rua Tomé de Souza com Avenida do Contorno. De acordo com um taxista que esteve no local, a confusão começou quando um colega foi atender uma corrida e passou pela área, onde alguns motoristas do Uber se reúnem. Geraldo Carvalho, de 39 anos, disse que o taxista pediu apoio de outros colegas pelo rádio. "Um motorista que trabalha com o Uber estava muito exaltado. Taxistas o cercaram e chamaram a polícia pedindo que alguma providência fosse tomada", diz.
Segundo ele, a partir daí a confusão tomou conta do local. "Fiquei assustadíssimo. Parecia uma praça de guerra", conta Geraldo, que trabalha há 20 anos como taxista.
Veja o vídeo da briga
O motorista do aplicativo afirmou à PM que foi agredido com uma cotovelada e perseguido por vários taxistas. De acordo com o boletim de ocorrência, um homem que filmava a confusão também afirma que foi agredido. Ele afirma que o taxista o abordou pendido que abaixasse a câmera. O homem que filmava, o motorista do Uber e o taxista foram conduzidos à delegacia. De acordo com a Polícia Civil, eles foram ouvidos e liberados.
Após a briga, taxistas saíram às ruas da capital em protesto contra o aplicativo. Por volta das 23h, cerca de 50 motoristas passaram pela avenida Cristóvão Colombo, na Savassi, Região Centro-Sul de BH, em direção à Praça da Liberdade.
De acordo com um dos taxistas que aderiram ao movimento, os motoristas se mobilizaram pela rede de rádio da categoria. Por onde passaram, os taxistas chamaram a atenção para a manifestação com um intenso buzinaço.
O em.com.br tentou contato com o Sindicato dos Taxistas de Belo Horizonte (Sincavir), mas as ligações não foram atendidas.
Relembre o embate no caso
Na sexta-feira passada, o Estado de Minas publicou uma matéria relatando a nova ofensiva dos taxistas contra o aplicativo. O Uber – de transporte particular em carros de luxo, com ar-condicionado sempre ligado e água mineral – funciona há oito meses na capital e gerou uma alta tensão na disputa por passageiros.
Permissionários que classificam o novo serviço como ilegal relataram em audiência na Câmara Municipal o que consideram ameaças de concorrentes e cobraram de autoridades providências para tirar de circulação carros que usam o aplicativo. Durante o encontro, o vereador Lúcio Bocão (PTN) apresentou projeto de lei para proibir o Uber na capital – ele estima que sejam 1,2 mil motoristas e mais de 10 mil passageiros cadastrados no aplicativo em BH.
Na audiência, autoridades ligadas ao transporte e trânsito em BH e região metropolitana confirmaram que consideram o transporte por meio do Uber ilegal. A atividade seria exercida sem licitação e sem exigências feitas aos taxistas. Eles reconheceram, porém, não ter condições de fiscalizar e inibir o serviço – haveria dificuldade de identificar se a corrida foi combinada por meio do aplicativo.
A discussão sobre a legalidade do Uber ocorre em algumas das maiores cidades do mundo. Ainda na semana passada, em Paris e em Marselha, na França, centenas de taxistas protestaram contra a “concorrência selvagem” do serviço.