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Estado de Minas

Polícia investiga agressão sofrida por empresária na porta de escola em BH

Briga entre empresária e comerciante, que terminou com agressões físicas e verbais e carro danificado em rua do Bairro Santa Lúcia, começou após discussão no trânsito


postado em 03/07/2015 06:00 / atualizado em 03/07/2015 08:55

Delegada Cristiana Gambassi mostra foto do carro amassado da empresária Cristiana Viana, que foi agredida com socos no rosto - Vítima (D) ficou com hematomas no rosto(foto: JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS)
Delegada Cristiana Gambassi mostra foto do carro amassado da empresária Cristiana Viana, que foi agredida com socos no rosto - Vítima (D) ficou com hematomas no rosto (foto: JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS)

A Polícia Civil abriu inquérito para investigar as agressões sofridas pela  empresária Cristiana Maria Villas Boas Viana, de 50 anos, durante briga de trânsito na porta de uma escola no Bairro Santa Lúcia, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, segundo informou a delegada do 1º Distrito Policial, na Rua Carangola, no Bairro Santo Antônio, Cristiana Gambassi Angelini.

No boletim de ocorrência feito pela Polícia Militar, Cristiana diz que foi espancada pelo comerciante Carlos Henrique Turner Lapertosa, de 35 anos, ao tentar ultrapassar o carro dele parado em fila dupla na porta da escola, na tarde de quarta-feira. Com nariz fraturado e traumatismo craniano leve, ela foi socorrida no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS) e depois passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). A mulher do comerciante também é acusada de puxar os cabelos de Cristiana. O casal deixava uma filha de 2 anos na escola.

Cristiana é filha da socialite Ângela Diniz, conhecida como a Pantera de Minas, assassinada a tiros em dezembro de 1976, em Armação dos Búzios, litoral do Rio de Janeiro. O crime, que comoveu o país na época, foi cometido pelo companheiro dela, Raul Fernandes do Amaral, o Doca Street.

Veja imagens da agressão


A filha de Ângela, que era adolescente na época, até hoje não se conforma com a tragédia. “Estou sentindo na pele a violência que a minha mãe sofreu. Isso prova que nada mudou nestes 40 anos”, lamentou. A empresária admite que cuspiu no empresário ao ser chamada de “prostituta, vagabunda e vadia”, mas nega ter revidado as agressões físicas.

Já o comerciante disse à PM, segundo o boletim de ocorrência, que estava parado com seu carro na porta da escola quando o veículo de Cristiana parou em fila dupla ao lado, impedindo a passagem de um ônibus que trafegava na direção contrária. Ele conta que abaixou o vidro do carro e pediu à mulher para dar ré e liberar a passagem do coletivo, mas a reação dela foi cuspir nele e dar vários socos em seu carro.

BATE-BOCA Cristiana Villas Boas disse à reportagem que voltava do almoço na casa de um irmão e o trânsito estava tumultuado na porta da escola, com muitos carros em fila dupla. “Ele parou o carro para a criança dele descer e percebeu que o ônibus estava vindo. Quando fui ultrapassá-lo, ele abaixou o vidro e me disse: ‘Sua idiota, você não viu que é para dar ré para o ônibus passar’. E eu respondi: ‘Idiota por quê? Você não me conhece’. Aí, ele continuou: ‘Então tá, sua prostituta, vagabunda, vadia. É para você dar ré para o ônibus passar’. Eu fiquei indignada e cuspi nele de dentro do carro”, contou a empresária.

Cristiana disse que voltou com o carro para o ônibus passar, mas comerciante já desceu do veículo com os punhos fechados e deu vários socos no seu rosto, dizendo que quebraria o seu nariz. Ainda de acordo com a empresária, a mulher do motorista danificou o carro com uma chave. “Ela arranhou o meu carro todo, furou o capô e bateu no teto. A mulher partiu para cima de mim gritando: ‘Você cuspiu no meu marido”. Um advogado tentou me defender. Ele conseguiu retirar o motorista cinco vezes de perto de mim, mas ele voltava e continuava me agredindo. O sangue escorria do meu nariz”, disse Cristiana.

FUGA A empresária conta que o casal entrou no carro e fugiu. A Polícia Militar foi chamada e conseguiu identificar parte da placa nas imagens de segurança da escola. Cristiana foi levada por uma filha à 1ª Delegacia, acompanhada pela PM, e para sua surpresa encontrou o casal na unidade policial, também registrando ocorrência.

LESÃO CORPORAL
A empresária foi levada ao HPS, onde permaneceu das 15h às 21h. Depois, ela foi para a Central de Flagrantes do Barreiro, onde o casal já estava, e os três foram liberados às 3h da madrugada. Todos foram submetidos a exames no IML e a Polícia Civil vai aguardar os resultados para definir os crimes cometidos. “A princípio, houve crimes de lesão corporal, injúria e dano material. Vamos ouvir três testemunhas que presenciaram as agressões, inclusive, uma gravou um vídeo das agressões”, disse a delegada Cristiana Angelini. Os dois veículos serão periciados pelo Instituto de Criminalística.

A mulher do comerciante poderá responder pelos mesmos crimes do marido. A violência foi cometida com a participação da mulher, disse a delegada. “Ele relatou que todos os socos foram em legítima defesa, mas não podemos esquecer que foi agressão de um homem contra uma mulher, que é muito mais frágil fisicamente. A vítima admite que cuspiu nele, quando foi chamada de vagabunda, mas nada justifica um cuspe com um soco. A reação dele foi totalmente desproporcional, ainda mais na porta de uma escola, com várias crianças presenciando”, disse a delegada.

Procurado pela reportagem, Carlos Henrique Lapertosa não atendeu nem retornou as chamadas de celular.

Intolerância ao extremo

Brigas de trânsito costumam gerar agressões físicas. No início do ano, uma desavença envolvendo um motociclista e um empresário por pouco não terminou em tragédia. Irritado com as manobras de um motorista de um Peugeot 408 branco na Avenida Barão Homem de Melo, Região Oeste da capital, um motociclista deu um chute no retrovisor do veículo, mas acabou caindo no asfalto e só não foi esmagado pelo carro que vinha atrás porque o sinal havia acabado de fechar.

Há dois anos, o coordenador administrativo do Hospital das Clínicas da UFMG, Eduardo Gontijo, perdeu a mulher, Luciana Silva Martins Costa, de forma estúpida. “Minha sogra contou que elas seguiam para um shopping em Venda Nova quando um motoqueiro começou a chutar o carro. Pode ser que ela tenha o fechado, não se sabe. Mas ele a acertou com um soco e, como ela já tinha problemas cardíacos, acabou falecendo”, contou, na ocasião, Eduardo, que ajuda a filha pequena, que presenciou a agressão, a superar a perda da mãe.

Eduardo disse não ter esperança de mudança de comportamento dos motoristas. “Temos que dirigir para nós e para o outro. E mesmo assim precisamos torcer para ninguém esbarrar, bater ou cismar com a gente. Em um contexto de tanto estresse, qualquer coisa serve de estopim para uma briga”, afirmou à epoca.

As imagens captadas pelas câmeras de segurança de uma loja assustaram a população de Belo Horizonte em julho de 2013. O motociclista Elson Ferreira de Jesus, de 52 anos, e o empresário Armando Monducci Filho, de 58, discutiram por causa de um acidente de trânsito.

Surpreendido pela raiva do motociclista, que era inabilitado, Armando foi atingido com cinco pauladas no meio da rua. O resultado foram nove costelas quebradas e um trauma toda vez que sai de carro. Armando disse ter medo de andar de carro depois do que aconteceu.

Palavra de especialista


Orestes Diniz,

professor do Departamento de Psicologia da UFMG

Estresse e barbárie ao volante

“Temos que tomar consciência que vivemos em uma sociedade muito violenta, com taxas altíssimas de mortes no trânsito. Morrem  por ano mais pessoas em acidentes no trânsito do que soldados norte-americanos durante toda a guerra no Vietnã. E o estresse e a falta de regras no trânsito dificultam a convivência. Em muitos casos, as pessoas mudam de comportamento e se tornam altamente agressivas. Quando não há regras claras, temos a reinstauração da barbárie.”


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