Taxistas e motoristas ligados ao aplicativo Uber, serviço de transporte feito por carros de luxo, protagonizaram mais uma cena de selvageria na madrugada deste sábado. O tumulto aconteceu na Avenida Alfredo Balena, no Bairro Santa Efigênia, na Região Cetnro-Sul de Belo Horizonte, depois que estudantes acionaram condutores do aplicativo para uma viagem. Motoristas de táxi que esperavam em frente à Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) ficaram revoltados e partiram para cima do 'rival'. O carro de luxo foi amassado com chutes e teve a lataria arranhada. Testemunhas alegam que o motorista também foi agredido. Esta foi a segunda confusão em menos de 48 horas.
O tumulto ocorreu por volta das 3h30, quando o estudante da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), Paulo Cesar de Almeida, de 23 anos, acionou o serviço do Uber. Com duas amigas, o jovem estava dentro do carro quando começou a briga. “Quando o carro chegou, os taxistas estavam nervosos, começaram a xingar e a gritar 'fora Uber'. Logo depois, eles barraram o veículo e iniciaram a briga”, conta.
Logo depois dos primeiros gritos, os passageiros desceram do veículo. Foi neste momento, segundo o estudante, que começaram as agressões. “Começaram a amassar e arranhar o carro. O motorista teve que correr e chegou até a passar mal. Ele sofreu algumas agressões físicas”, diz Paulo César. A Polícia Militar (PM) foi chamada, mas a tensão não diminuiu.
De acordo com o estudante, alguns taxistas o ameaçaram quando decidiu voltar para casa de ônibus. “Quando estava no ponto de ônibus com minhas amigas, alguns motoristas de táxi vieram me intimidar dizendo que eu mofaria no ponto até de manhã. Depois saíram, mas um deles ficou. Por isso, decidi voltar para onde os policiais estavam por não saber qual era a intenção deste homem”, comenta.
A ocorrência foi atendida por policiais militares da 3ª Companhia do 1º Batalhão. O em.com.br entrou em contato com a unidade, mas foi informado que o sistema estava fora do ar. Por causa disso, não tinha informações sobre a ocorrência. A sala de imprensa da PM também não conseguiu encontrar informações sobre o caso.
A polícia vai investigar outro fato que aconteceu nesta madrugada. Segundo a PM, o motorista de um Corolla, de 57 anos, procurou a 132ª Companhia do 39º Batalhão, em Contagem, para registrar um boletim de ocorrência contra taxistas. Segundo o homem, por volta das 3h30, ele foi abordado por condutores de táxi na Avenida Getúlio Vargas, na Região da Savassi, Região Centro-Sul de BH. Os agressores arranharam o veículo e ameaçaram a vítima de morte. Um dos suspeitos chegou a ameaçar colocar fogo no automóvel.
A PM não soube dizer se o motorista do Corolla trabalha com o Uber. A ocorrência será investigada pela 1ª Delegacia de Polícia Civil do Centro.
Outras confusões
Na noite dessa quinta-feira, taxistas e motoristas do Uber se envolveram em uma confusão no Bairro Funcionários. De acordo com um taxista que esteve no local, a discussão começou quando um colega foi atender uma corrida e passou pela área, onde alguns motoristas do Uber se reúnem. Geraldo Carvalho, de 39 anos, disse que o taxista pediu apoio de outros colegas pelo rádio. Um homem que afirma ter sido agredido enquanto filmava a briga, um motorista do Uber e um taxista foram conduzidos à delegacia. De acordo com a Polícia Civil, eles foram ouvidos e liberados.
Depois da confusão, taxistas fizeram uma manifestação na sexta-feira para pedir providências contra o Uber. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Câmara de Vereadores de Belo Horizonte prometeram investigar o caso. Em contrapartida, motoristas do aplicativo se reuniram com a empresa para pedir mais seguranças para poderem trabalhar.
Preferência pelo Uber
O estudante Paulo Cesar, que presenciou a confusão na Avenida Alfredo Balena, já utiliza o Uber há um tempo. Ele diz que prefere utilizar o aplicativo do que os táxis convencionais por causa da qualidade dos veículos. “No táxi, não temos certeza se o carro virá bom. Além disso, tem muitos taxistas fumantes com carros ruins. Além disso, eles não fazem todo tipo de corrida. Quando é uma viagem pequena, preferem negar o serviço. O Uber não. Eles nunca me deixaram na mão”, comentou.
Outro benefício de utilizar o Uber, segundo o estudante, é o controle do trajeto. “A rota é toda registrada no GPS no histórico da viagem. Então, tenho certeza do caminho e também uma prévia da tarifa. Sendo assim, posso controlar a situação”, afirma.