Segundo o veterinário Eduardo Viana Vieira Gusmão, técnico da Gerência de Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde, explica que o período de proliferação do carrapato, quando há larvas e ninfas, acontece entre o outono e o invernoAssim, a aplicação do produto químico neste momento é mais eficaz, combatendo o aracnídeo antes da fase adulta.
A pasta firmou uma parceria com a Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para capacitar 30 profissionais das nove regionais da capital entre veterinários, biólogos e agentes de combate a endemiasA primeira aula, teórica, aconteceu no final de junhoAs aulas praticas serão realizadas em cavalos usados na tração animal no municípioPara isso, foi realizado um levantamento para identificar os equinos que circulam por áreas com risco de carrapatos, num total de 100 animaisOs parceiros entraram em contato com os carroceiros e com a associação que representa os trabalhadores, convidando para a aplicação gratuita do inseticida nos cavalosA primeira aula prática aconteceu nesta quinta-feira, quando 10 animais receberam o produto na Unidades de Recebimento de Pequenos Volumes (URPV) do Bairro Castelo, na PampulhaA região da Pampulha foi priorizada por conta do histórico de problemas com carrapatos, mas a inciativa poderá ser aplicada nas outras regionais caso haja infestação.
“Você tem uma base específica, um químico para utilização segura nos equinos, minimizando qualquer possibilidade de intoxicação, e eles são pulverizados com a solução do inseticidaEssa pulverização acontece nesse período de maior infestação por larvas e ninfas, que se estende de abril até setembro e outubro”, explica GusmãoOs animais devem receber de seis a oito banhos da substância, com um intervalo para avaliação da infestação, com intervalo de uma semana
Os cavalos foram escolhidos considerando o contato direto com os seres humanos e a circulação dos animais por diferentes áreas da cidade“O controle é tanto para o ambiente da Pampulha, como para prevenir que a doença chegue no carroceiro, na família dele e se espalhe para outros locaisVocê cria nele uma barreira ou um controle, assim não vai transmitir nem para o ser humano, nem para outros animais domésticos”, esclarece.
TRABALHO CONTÍNUO Conforme o veterinário, a borrifação de inseticida em cavalos para o combate aos carrapatos já foi realizada com sucesso em Belo Horizonte entre 2007 e 2008 na Regional NoroesteA capacitação deve ser concluída em meados de agosto e a expectativa é de os trabalhos de controle de infestação sejam permanentes.
Eduardo Viana destaca que o combate ao carrapato é muito complexo, por envolver questões ambientais“Você não pode atuar de uma forma generalizada, você tem contextosNo âmbito da saúde pública, nosso maior medo é onde você tem uma alta infestação de carrapatos e a presença do ser humano”, dizDesde o ano passado, a orla da lagoa e o Parque Ecológico da Pampulha têm placas alertando para a presença dos aracnídeosA prefeitura também distribui materiais educativos sobre os riscos da febre maculosa“Mesmo sem cavalos ou capivaras, qualquer mamífero ou ave serve de repasto sanguíneo para o carrapato
IMPASSE A situação das capivaras que vivem na Lagoa da Pampulha ainda gera impasseEm setembro, será completado um ano da captura dos primeiros animais para análise da presença da bactéria da febre maculosa e posterior esterilizaçãoDos 46 animais recolhidos no ano passado, apenas 20 ainda sobrevivem em cativeiro nos bretes montados pela prefeitura no Parque EcológicoAs mortes geraram revolta nas organizações ambientais da cidade e se tornaram alvo de inquérito da Polícia Civil, que apura se houve maus tratosA apuração se encontra na fase final.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) afirma que a autorização para a captura e manutenção dos bichos em cativeiro era provisória e como a prefeitura ainda não apresentou o laudo comprovando que os animais apresentam riscos, elas deveriam ser soltasEm março, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) expediu uma recomendação para a soltura dos animais, mas a Prefeitura de Belo Horizonte recorreu da ação Tribunal Regional Federal (TRF) e desde então o cativeiro dos animais é mantido.
A última reunião entre Ibama e PBH aconteceu em 22 de junho e mais uma vez terminou sem acordo, conforme o IbamaPelo menos outros 50 animais seguem soltos na orlaSobre o manejo destes, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente informou, por meio de nota, que segue aguardando um posicionamento do Ibama ou da Justiça Federal.