Na guerra contra os motoristas do aplicativo Uber, que disputam o transporte de passageiros em Belo Horizonte, taxistas são acusados de criar grupos para impedir a atuação da concorrência a qualquer custo, mesmo partindo para a violência. Uma dessas associações seria o Grupo de Apoio aos Taxistas Auxiliares e Permissionários (Gatap). A denúncia foi registrada nesse sábado na Polícia Militar por quatro motoristas da startup americana. Eles relatam que foram cercados e ameaçados por 10 taxistas na porta de uma churrascaria da Avenida Raja Gabaglia, na Região Centro-Sul. Dois deles relatam no Boletim de Ocorrência (B.O) que tiveram seus carros depredados.
Um dos condutores relatou à PM que a tampa do porta-malas do seu Corolla foi afundada, a porta traseira esquerda de passageiro e o capô foram arranhados e os dois retrovisores externos quebrados. O para-choque traseiro também foi danificado, segundo a denúncia, e uma lanterna traseira foi quebrada. A vítima relata que fugiu do local para evitar mais danos e para proteger a sua integridade física, pois era ameaçado de agressão.
O Estado de Minas flagrou taxistas trocando mensagens pelas redes sociais, informando os colegas onde estão os “urubus”, como eles chamam os motoristas do Uber, que trabalharem em carros executivos pretos e usam terno e gravata. As ocorrências contra taxistas foram registradas em unidades diferentes da PM – 6ª Companhia do Centro e 22º Batalhão. Em todas as ocorrências, os condutores do Urber relataram ameaças de agressão. Dois deles, anotaram placas e identificaram taxistas e repassaram as informações à PM.
O presidente do Sindicato dos Taxistas, Ricardo Luiz Faedda, disse ter sido informado do que ocorreu na Raja Gabaglia. Para ele, os motoristas do Uber estão se passando por vítimas. “Os taxistas estão instruídos a chamar a polícia diante de qualquer situação de ilegalidade e concorrência desleal. O que fiquei sabendo que aconteceu foi isso. Não adianta esses motoristas ilegais e clandestinos se colocarem de vítimas. Eles não têm autorização para exercer a atividade. O confronto está sendo da parte deles, trabalhando na clandestinidade e na ilegalidade”, disse Faedda.
Segundo o sindicalista, há vários grupos e associações criados por taxistas que usam de meios tecnológicos para troca de informações e de proteção contra assaltos, principalmente de madrugada, mas não para promover a violência, mesmo contra os ilegais e os clandestinos, ressalta. “Não tem nenhum grupo envolvido com o sindicato”, reforçou. Nenhum representante do Uber foi encontrado para comentar o assunto.
Entre as várias ocorrências entre taxistas e motoristas do Uber, está a do último dia 6. Uma reunião dos taxistas na sede do Ministério Público terminou em confusão. O veículo foi cercado pelos taxistas e condutor precisou ser escoltado pela PM para não ser agredido.
Em 25 de junho, taxistas participaram de uma audiência pública na Câmara Municipal, para discutir a concorrência do Uber, que consideram ilegal e predatória. Um permissionário mostrou um vídeo em que ele estaria sendo ameaçado de morte por um motorista do Uber. Nas imagens, aparecem as mãos de um homem manuseando um revólver e a pessoa, que não é identificada, diz que o taxista está com os dias contados. O próprio taxista exibiu outro vídeo onde ele e vários colegas saíam para a noite para cercar condutores do Uber, motivo da ameaça que havia sofrido.
Semana passada, motoristas do Uber denunciaram várias ataques. Em alguns casos, eles precisaram de proteção da PM. Ttaxistas cercaram um carro de usuário do aplicativo na Praça da Bandeira, no Bairro Mangabeiras, Região Centro-Sul, mas foram embora com a aproximação de uma viatura da PM. Um motorista do transporte executivo foi impedido por taxistas de pegar uma passageira em um hotel no Belvedere, na mesma região. No mesmo dia, outro motorista do Uber foi impedido de atender um passageiro no estacionamento do Ponteio Lar Shopping. Nesse caso, a PM conseguiu impedir outra briga. Somente em um sábado, três carros cadastrados no programa de transporte foram danificados.