O Piranga em Ponte Nova: leito está tão baixo que não atinge a régua de medição na margem - Foto: Leandro Couri/EM/D.A Press - Foto: Ponte Nova – O acompanhamento das vazões em quatro dos seis principais afluentes do Rio Doce em Minas Gerais não traz boas notícias para quem tem expectativa de melhoria das condições da bacia hidrográfica. O último boletim divulgado pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) mostra que, das quatro estações distribuídas entre os rios Piranga, Suaçuí Grande, Santo Antônio e Piracicaba, três apresentam estado de atenção e uma, de alerta. É o terceiro relatório seguido a disparar o alarme diante da baixa vazão na estação do Piranga em Ponte Nova, na Zona da Mata. Trata-se do último estágio antes que seja determinada restrição do uso de água, que deve ter corte de 20% no caso do abastecimento humano, conforme a Deliberação Normativa 49/15 do Igam.
A vazão medida semanalmente pelo Igam é comparada com a Q7,10 do manancial, que é o menor volume observado durante sete dias consecutivos nos últimos 10 anos. No caso do Piranga, todas as medições feitas entre 27 de junho e 3 de julho estão abaixo do índice histórico, que é de 27,42 metros cúbicos por segundo (m3/s), o que mantém o estado de alerta. Se a vazão ficar abaixo de 70% do índice-base por pelo menos sete dias, será decretado o estado de restrição de uso, atingindo os municípios de Ponte Nova, Diogo de Vasconcelos, Acaiaca, Guaraciaba, Rio Doce, Santa Cruz do Escalvado, Amparo do Serra e Oratórios, distribuídos pelas regiões Central e Zona da Mata.
- Foto: Em Ponte Nova, onde fica a estação que disparou o alerta, o diretor do Departamento Municipal de Água, Esgoto e Saneamento, Guilherme Resende Tavares, diz que a própria população vem reduzindo o consumo diante da necessidade, e que a prefeitura investiu R$ 5 milhões na modernização do sistema de distribuição, o que gerou redução das perdas, de 52% para 33%. “Reduzimos a captação de 200 litros por segundo para 150 litros, sem comprometer o abastecimento. Se for necessário fazer o corte, já estaremos praticando a redução necessária”, diz.
No Rio Suaçuí Grande, o relatório mais recente aponta estado de atenção para a Estação Vila Matias, que tem repercussões nos municípios de Governador Valadares, São José da Safira, Marilac, Itambacuri, Frei Inocêncio, Mathias Lobato, Jampruca e Campanário, todos no Vale do Rio Doce.
O quadro é caracterizado quando a vazão fica entre 100% e 200% da Q7,10. Apesar de a situação ser um pouco melhor do que a observada no Piranga, o quadro já preocupa, segundo a presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Suaçuí (CBH Suaçuí), Luciane Teixeira. “Recebemos na sexta-feira um boletim elaborado pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) dizendo que a vazão média do Rio Suaçuí Grande na Vila Matias para o mês de junho é de 53m3/s. Em junho deste ano, a vazão média ficou em 15,9m3/s, bem perto da Q7,10 no local que é de 15,m3/s”, afirma Luciane.
“É preciso que os gestores públicos, empresas responsáveis pelo abastecimento, produtores rurais e a sociedade estejam atentos a essa situação. Ações para o uso racional da água devem ser realizadas por todos, pois o período de estiagem de 2015 deverá ser semelhante ou mais severo do que o de 2014”, completa Luciane Teixeira. A situação do Rio Santo Antônio na Estação de Naque, no Vale do Rio Doce, está um pouco melhor, apesar de também se colocar em atenção. As vazões entre 27 de junho e 3 de julho estão mais distantes da Q7,10, da mesma forma que as medições feitas na Estação Mário de Carvalho, que fica no Rio Piracicaba, no Vale do Rio Doce.
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