A cidade de Central de Minas, no Vale do Rio Doce, aguarda a liberação do corpo do prefeito Genil Mata da Cruz (PP), de 39 anos, que morreu juntamente com um funcionário particular, identificado apenas como Douglas, na queda e uma aeronave na tarde de terça-feira em Tumiritinga, na mesma região.
Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil, os dois corpos passaram por exames no Instituto Médico Legal (IML) de Governador Valadares e devem ser liberados depois do reconhecimento dos corpos, que será feito por familiares. O vice-prefeito de Central de Minas, Enéias Mendes disse que a expectativa é de que o corpo seja velado ainda nesta quarta-feira na quadra poliesportiva do município. A prefeitura também decretou luto oficial de três dias.
A Aeronáutica informou nesta quarta que ainda aguarda o parecer do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), pois acidentes com o tipo de aeronave usado pelo prefeito – um monomotor experimental – normalmente não são investigados.
De acordo com o 8º Comando Regional da Polícia Militar, o acidente aconteceu quando o avião sobrevoava um acampamento conhecido por conflitos recentes entre integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) e fazendeiros. Entre as versões para o episódio, há a denúncia de que a aeronave estivesse sendo usada para intimidar os ocupantes, e a suspeita de que o aparelho tenha sido abatido. É o oitavo acidente com aeronaves de pequeno porte este ano no estado, totalizando 17 mortes.
O advogado Siranides Eleotério Gomes, que representa a família de Genil, acredita que o cliente fazia fotos do terreno, que desde o dia 5 está ocupado por um grupo de 150 famílias do Movimento dos Sem-Terra (MST). “Às 13h20 me comuniquei com o Genil, sobre detalhes da ação de reintegração de posse que vamos impetrar na Justiça em Belo Horizonte.
As lideranças do movimento denunciam que na madrugada da sexta-feira homens em dois tratores jogaram coquetéis molotov e atiraram em direção ao acampamento. A polícia foi chamada e as pessoas que estavam nos veículos fugiram. Os tratores, que tinham chapas de aço em sua estrutura, como forma de blindagem, foram apreendidos. O advogado Siranides disse desconhecer o fato, mas afirmou que, se os veículos agrícolas são da família do prefeito, não há nenhuma ilegalidade em estarem nas terras deles.
“Genil tentou negociar a saída pacífica com os invasores e houve resistência. Ele então me procurou e pediu que entrasse com uma ação na Justiça. Não agiria por conta própria, já que conseguiria a reintegração de posse por decisão judicial”, disse.