A criança deu à luz depois de ser atendida no Pronto-Atendimento da Unimed em Contagem, também na região metropolitana. Submetida a um exame de ultrassonografia, o diagnóstico apontou a gravidez.
A mãe da criança e ex-mulher do agressor não quis se identificar e disse apenas que a filha e a neta, que nasceu prematura, com 1,090kg, estão bem. “De um mês para cá, eu reparei que a barriga dela vinha crescendo e marquei uma consulta médica, que seria feita hoje. Acabou acontecendo tudo antes”, diz. Na madrugada de terça-feira, ela conta que a menina se queixou de dores abdominais e foi até o pronto-atendimento. Como o ultrassom apontou a gravidez e ela teve contrações, foi encaminhada para a Maternidade da Unimed em BH, no Bairro Grajaú, Oeste da capital. Foi depois do nascimento de uma menina que a mãe precoce comunicou os estupros à avó.
Segundo levantamento da Polícia Militar, os abusos aconteceram no fim do ano passado, quando João Rodrigues de Oliveira, de 40 anos, ainda era companheiro da mãe da criança. Atualmente, ele mora em Sabará, na Grande BH, e está separado há três meses da ex-mulher, com quem tem um filho pequeno. Ele foi preso terça-feira, depois que a mãe da menina procurou a polícia para denunciar o caso. O acusado teria confessado os crimes para os militares, mas negou diante do delegado. A investigação sobre a violência sexual será conduzida pela Delegacia de Esmeraldas.
O capitão Mauro Almeida de Castro, subcomandante do 61º Batalhão da PM, unidade responsável pelo policiamento de Sabará, diz que o homem tinha quatro armas sob sua custódia, além de munições diversas. Uma quinta arma foi encontrada em Esmeraldas. O acusado está preso pela posse do armamento, que estava adulterado. “É importante lembrar que as pessoas devem ficar atentas ao comportamento dos filhos.
A supervisora clínica do Projeto Crianças e Adolescentes Vítimas de Abuso Sexual (Cavas) da UFMG, Danielle Pereira Matos Rabelo, explica que a tendência em casos desse tipo é que as consequências do ponto de vista psicológico sejam graves. “A criança fica incapaz de confiar em alguém e pode desenvolver sintomas de erotização precoce. Além disso, também pode carregar um sentimento grande de culpa, porque ela acaba achando que foi a responsável por provocar aquela situação”, diz a especialista, que também é doutoranda em psicologia pela UFMG.
O que diz a lei
O Código Penal brasileiro trata o estupro como crime, com penas mais duras para os casos praticados contra menores de 14 anos, considerados vulneráveis. O artigo 217-A prevê pena de oito a 15 anos de reclusão para os agressores, podendo variar entre 10 e 20 anos caso a agressão resulte em lesões corporais graves. Se o resultado for a morte da vítima, a pena pode chegar a 30 anos de cadeia. .