Os corpos do prefeito Genil Mata da Cruz (PP), de 39 anos, e do funcionário dele, Douglas Rafael da Silva, de 29, foram enterrados no início da tarde desta quinta-feira em Central de Minas, na Região do Vale do Rio Doce. Os dois foram vítimas de um acidente aéreo na terça-feira em uma fazenda ocupada por famílias do Movimento dos Sem-terra (MST) na cidade vizinha de Tumiritinga. O sepultamento estava previsto para as 10h, mas devido a grande comoção dos moradores da cidade, teve um atraso de aproximadamente três horas.
A mobilização que começou nessa quarta-feira durante o velório na quadra poliesportiva do município se estendeu até esta manhã. Segundo o secretário de Obras Públicas, João Neto Garcia, centenas de moradores fizeram homenagens para o administrador municipal. “As famílias levaram cartazes e rezaram. Depois, fizemos uma caminhada de um quilômetro e o corpo foi levado pela cidade no caminhão de bombeiros. Foi uma grande comoção”, explica Garcia.
Os corpos de Genil e de Douglas foram sepultados por volta das 13h no Cemitério Municipal de Central de Minas. O prefeito deixa um casal de filhos. “O clima é de tristeza pura. Perdemos nosso líder. Nossa cabeça”, desabafou o secretário de obras públicas do município.
A mobilização dos moradores começou na noite de quarta-feira quando os corpos das vítimas do acidente aéreo chegaram na cidade. Centenas de pessoas esperaram o carro do Corpo de Bombeiros na entrada do município. O cortejo percorreu algumas ruas em direção a Floresta, distrito que fica a cerca de 5 km de distância da sede, Central de Minas.
Investigações
Técnicos do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes (Seripa III) começaram a analisar, nesta quinta-feira, os destroços da aeronave. A equipe coletou dados, peças, fez fotografias do local e ouviu testemunhas que presenciaram o acidente. Em seguida, deixaram a cidade com os elementos colhidos. As análises serão realizadas para evitar novos acidentes aéreos.
As investigações sobre as causas do acidente e se houve ou não culpados fica a cargo da Polícia Civil. Nessa quarta-feira, equipes da delegacia de Conselheiro Pena, responsável pela investigação do caso, descartaram que a aeronave foi alvo de tiros ou qualquer objeto durante a queda. Essa hipótese foi levantada no dia do acidente. Análises preliminares realizadas na fuselagem do avião e nos corpos das vítimas não encontraram perfurações.
Ontem, integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) se encontraram com deputados da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e sinalizaram deixar a fazenda. Para isso, exigiram segurança da Polícia Militar, auxílio-moradia e um novo terreno para as famílias.
Foram recolhidos no local da queda, sacolas plásticas com um líquido que os moradores alegam terem sido jogados por duas aeronaves. A Polícia Civil recolheu o material que será analisado. As famílias dizem que os objetos eram uma espécie de coquetel molotov. Ocupantes da segunda aeronave foram localizados e encaminhados para a delegacia. O teor do depoimento deles ainda não foi divulgado.