O prefeito morto na queda da aeronave em Tumiritinga viria a Belo Horizonte nessa quarta-feira para uma reunião com o Instituto Nacional de Colonização Agrária (Incra) e a mesa de negociações criada pelo governo estadual para resolução de conflitos sociofundiários. O encontro foi acertado no último sábado, quando uma comitiva foi enviada a Central de Minas para conversar com o dono da fazenda onde o avião caiu, o prefeito Genil da Mata, por causa do clima de tensão na região invadida por integrantes do Movimento dos Sem-Terra.
De acordo com Alexandre de Lima, membro da mesa de negociações, Genil reconheceu que foi até a fazenda no dia anterior com dois tratores carregados com foguetes e teria pedido desculpas pela situação. "Fomos até lá porque o episódio nos impressionou muito. Mostramos para ele que era possível resolver a situação de forma pacífica", conta Alexandre. Segundo ele, Genil teria se comprometido com o governo e com a Polícia Militar a procurar os caminhos legais para resolver o impasse.
Durante a reunião, Genil ainda teria sinalizado que poderia negociar a fazenda com o Incra. "Essa situação seria discutida nessa quarta-feira. O prefeito disse que estava disposto a vender a fazenda, contanto que os integrantes do MST saíssem de lá", disse.
Famílias do MST dizem que duas aeronaves sobrevoaram a fazenda por aproximadamente uma hora no fim da tarde de terça-feira. Elas alegam que os ocupantes jogavam materiais semelhantes a coquetel molotov, versão negada pelo advogado de Genil. A Polícia Civil ainda aguarda o laudo da perícia de fragmentos de artefatos explosivos recolhidos no terreno. Alexandre de Lima diz que não pensava que o prefeito fosse voltar à fazenda antes do encontro em BH. "Nos pareceu que ele tinha tirado de sua cabeça fazer justiça com as próprias mãos. Ele parecia ser muito sensato e, ao que tudo indica, cometeu um ato de insensatez, por mais que possa ter acontecido várias coisas que ainda estão sendo investigadas", conta.
De acordo com Gilson de Souza, Superintendente do Incra em Minas Gerais, a reunião que aconteceria na Cidade Administrativa poderia resultar em um novo acordo. "Ele poderia nos apresentar uma nova proposta, ou então poderia nos deixar fazer a vistoria na área para que pudéssemos negociar depois", disse. Ainda segundo o superintendente do Incra, não é possível vistoriar um local já ocupado sem a autorização prévia do proprietário. "Acredito que depois desse incidente fique difícil entrar em um acordo com a família. Teremos que procurar um outro terreno para as famílias", avalia.
Famílias fazem exigências
Durante uma reunião com uma comitiva enviada à cidade do Vale do Rio Doce, na tarde dessa quarta-feira. Os integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) disseram estar inclinados a deixar a área. No entanto, os moradores querem garantias de auxílio-moradia, segurança da Polícia Militar em tempo integral e um novo terreno, em outro município, para as 150 famílias.
De acordo com o superintendente do Incra, algumas áreas já foram indicadas e alguns proprietários já estão sendo notificados para que as vistorias sejam feitas. Gilson diz que o processo é longo, e que a comitiva enviada a Tumiritinga pediu que os moradores deixem o terreno o quanto antes. "Eles devem ir até um local provisório, onde irão aguardar que o terreno definitivo", diz.