(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas VEM AÍ O 'PROJETO X'

Aplicativo que já desperta a ira de taxistas, Uber, prepara expansão em BH

Segunda fase da plataforma tende a piorar clima de tensão: serviço com carros comuns e motoristas não profissionais


postado em 19/07/2015 07:00 / atualizado em 19/07/2015 13:36

Pontos como a Conexão Aeroporto, na Avenida Álvares Cabral, são conhecidos pela disputa entre transporte formal e informal(foto: Alexandre Guzanshe / EM / D.A Press)
Pontos como a Conexão Aeroporto, na Avenida Álvares Cabral, são conhecidos pela disputa entre transporte formal e informal (foto: Alexandre Guzanshe / EM / D.A Press)

A queda de braço entre taxistas e parceiros do aplicativo Uber pode parece equilibrada em Belo Horizonte, mas a segunda fase da implantação do sistema on-line para transporte de passageiros promete ser ainda mais agressiva e polêmica, com a chegada do Uber-X, que aceita carros convencionais em vez de sedãs de luxo e condutores sem habilitação de motorista profissional. As inscrições para esse serviço, em BH, já estão inclusive abertas e informações fornecidas ao Estado de Minas por um ex-funcionário do setor executivo da empresa, nos Estados Unidos, projetam um cenário de guerra pelo mercado na capital mineira. O Uber não confirma oficialmente uma data para esse serviço. “Os black cars (ou carros pretos, que são os sedãs de luxo ligados ao Uber) são a nossa ponta de lança quando ingressamos em um mercado. Assim, ganhamos a confiança e a afinidade dos clientes, pelo alto padrão. Daí em diante, a tática é expansionista. De controle do mercado, com os parceiros do Uber-X”, informou o ex-empregado da companhia, que concedeu entrevista na condição de anonimato e de não revelar segredos industriais.

Para fazer frente aos serviços de luxo oferecidos pelo sistema on-line, como a polidez dos motoristas, a oferta de água, a internet wi-fi e o ar-condicionado, taxistas belo-horizontinos resolveram até trabalhar de terno e abrir as portas para os passageiros. Quando alguns condutores dos carros de aluguel gerenciados pela BHTrans tentaram intimidar, depredando os veículos pretos a serviço do Uber, a empresa reagiu cobrindo os prejuízos dos parceiros, oferecendo corridas com descontos e até de graça. Esse aparente balanço de forças, contudo, tende a mudar com a entrada em operação do Uber-X, que é menos exigente e por isso pode atrair e ofertar múltiplos parceiros na cidade. E, claro, tende a ser mais barato.

A estimativa de ingresso desse serviço em um mercado como o de BH é de até três anos depois do funcionamento dos black cars, de acordo com o ex-funcionário, independentemente de leis e processos judiciais que estejam em tramitação. “O Uber não se importa com o Estado nacional. Primeiramente, se instala num local de forma a atrair a confiança dos passageiros, se tornar atrativo, e depois luta com todas as forças para atropelar autoridades, resistir e se adaptar às leis. Para isso, tem capital enorme e um exército legal a seu serviço (departamento jurídico e advogados)”, afirma a fonte. A entrada no mercado se dá por meio de empresas já instaladas. “Procuramos parcerias com empresários que estão no mercado, mas que acreditam que poderiam estar ganhando mais do que ganham. Tendo esse início, a coisa começa a se espalhar”, explicou.

FORÇA ECONÔMICA Uma das características da empresa é a perseverança e a insistência. Para fazer frente aos diversos processos e à resistência do transporte local, a companhia conta com seu poderio econômico, como já deixou bem claro ao bancar corridas gratuitas e consertos em veículos danificados. “Nossa recomendação, se o carro for fechado por taxistas, é ficar dentro do veículo, chamar os seguranças privados que temos pelo (telefone) 0800 e a polícia. Qualquer prejuízo com o carro é pago pelo Uber”, afirma um dos parceiros de BH, que não tem autorização para falar em nome do aplicativo. E a estratégia de insistência vem de cima, do fundador e presidente da companhia, o norte-americano Travis Cordell Kalanick, segundo sustenta o ex-funcionário da Uber nos EUA. “Nosso CEO (presidente) prega que temos de vencer, e vencer em todas as praças. Atropelar regras pouco específicas com armas legais. Acima de tudo, vencer e insistir. Se perdemos uma vez na Justiça, tentamos de novo até conseguir, como já ocorreu em Las Vegas. Pagamos o que precisar. Mas não podemos perder em nenhuma praça. Se perdermos em uma, perderemos em todas”, conta.

O Uber informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que se considera uma empresa de tecnologia que conecta usuários a motoristas particulares. Ainda de acordo com a assessoria, desde a entrada no Brasil a companhia tem mantido diálogo com o governo, com a intenção de ter uma regulamentação boa para todos: usuários e motoristas. Sobre as declarações do ex-funcionário entrevistado, a assessoria considerou que as suas “afirmações são irreais e vão completamente contra os valores da empresa. Qualquer funcionário da Uber sabe disso”. Apesar de as inscrições para o lançamento do Uber-X estarem abertas em BH, oficialmente a assessoria informou que “não há nenhuma data para ser lançado em outras cidades (além de São Paulo) ainda”.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)