Quem deveria contar com uma maior proteção do estado é justamente quem está mais sofrendo com a violência em nosso país. Somente nos seis primeiros meses de 2015, o Disque Direitos Humanos recebeu mais de três mil denúncias relacionadas a crimes contra crianças e adolescentes em Minas Gerais. Conforme dados divulgados pelo governo federal nesta terça-feira, o telefone da central de atendimento do Disque 100 tocou 3.323 vezes para relatar casos de violação dos direitos humanos de menores de idade no estado.
Conforme o Estado de Minas informou neste mês, em balanços anuais fechados de 2012 a 2014 disponibilizados pelo governo do estado, todos os dias, pelo menos uma criança ou adolescente de até 14 anos sofre violência sexual na Região Metropolitana de Belo Horizonte .Em 2012, por exemplo, foram 633 casos. No ano seguinte, os registros subiram 6,95%, chegando a 677. Ano passado, novo aumento de 8,71%, com 736 episódios. Os números não são baixos e as consequências desse tipo de abuso em uma fase tão precoce da vida preocupam.
Um exemplo disto é o caso da menina de 10 anos que teve uma gravidez de sete meses diagnosticada após se sentir mal em casa, em Esmeraldas, na Grande BH. A criança deu à luz depois de ser atendida no Pronto-Atendimento da Unimed em Contagem, também na região metropolitana. Submetida a um exame de ultrassonografia, o diagnóstico apontou a gravidez. Em conversa com a avó, a menina disse que havia sido estuprada pelo padrasto repetidas vezes no fim do ano passado – o que acabou culminando com a prisão em flagrante do acusado, já que ele mantinha quatro armas de fogo em sua casa.
NO BRASIL
No primeiro semestre de 2015 foram registradas 66.518 denúncias no país, sendo que 63,2% são relacionadas a violações de direitos humanos de crianças e adolescentes (42.114), 24,2% de pessoas idosas (16.014), 7,3% de pessoas com deficiência (4.863), 0,8% de denúncias de violações cometidas contra a população LGBT (532), 0,5% de população em situação de rua (334), 2,6% de pessoas em restrição de liberdade (1.745), e 1,4% de denúncias de outras populações, tais como: quilombolas, indígenas, ciganos, violência contra comunicadores, conflitos agrários e fundiários, fundiários urbanos, intolerância religiosa, entre outros.