Um casarão sem número da Rua do Serro, no tradicional Bairro da Lagoinha, Região Noroeste de BH, preserva em sua fachada, em algarismos romanos, o ano da sua construção: MCMXXVII (1927). Ninguém mora no imóvel e, apesar de haver arame farpado nas janelas para evitar invasão, a porta lateral está aberta e dá acesso a um dos cômodos. Na região, várias outras casas e palacetes antigos, alguns com mais de um século, já foram derrubados, deram lugar a empreendimentos comerciais, como garagens de ônibus. Outros são o próprio retrato do descaso, abandonados e ameaçando desabar.
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Patrimônio Cultural vai começar estudos para proteção dos bairros Lagoinha e BonfimTradicional bairro de BH, Lagoinha será revitalizadoPrefeitura de Belo Horizonte será cobrada mais uma vez sobre situação do Cemitério do BonfimUm dos imóveis mais suntuosos da região, a Casa da Loba, na Rua Itapecerica, 579, é o retrato do abandono.
Para moradores como Eustáquio José de Castro, de 68, dos quais 30 morando na Rua do Serro, ainda resta a esperança de o lugar se tornar ponto turístico, assim como a Lapa, no Rio Janeiro. É o que também deseja Neliane Reis, de 39, funcionária de um bar e restaurante da Rua Além Paraíba com Jequery, que se orgulha de trabalhar num imóvel do início do século passado. “O tombamento vai trazer vida para a Lagoinha e mais clientes para o bar.”
PROPRIETÁRIOS NOTIFICADOS Entretanto, muitos moradores torcem o nariz quando falam em tombamento de imóveis.
A equipe técnica da DIPC vai fazer o inventário de toda a área para definição dos imóveis a serem protegidos e das diretrizes de proteção, que serão encaminhados para análise e aprovação do mesmo Conselho de Patrimônio. Segundo a PBH, toda a área delimitada já vinha sendo estudada pela DIPC e qualquer intervenção nos imóveis deveria ser precedida da emissão da carta de grau de proteção, emitida pelo órgão. “Demolição, nova construção ou reforma nessa área devem ser autorizadas pela DIPC”, informou.
Para a presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), Michele Arroyo, a definição do perímetro de proteção e o inventário da área e tombamento de mais casas é importante porque pressupõe participação da comunidade na formulação do inventário, o aprimoramento das diretrizes de proteção e, principalmente, o reconhecimento formal da Lagoinha como patrimônio cultural da cidade. “A Lagoinha é um pouco a Lapa do Rio e deve ser valorizada tanto com esse uso boêmio e cultural quanto com o residencial.”
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