Quem chegar hoje a Ouro Preto, na Região Central, vai encontrar uma grande novidade na tradicional Rua São José, a principal do comércio da cidade, que ostenta, há 35 anos, o título de patrimônio cultural da humanidade. Das 8h às 18h, a via pública com piso de pedras será apenas dos moradores e visitantes, dispostos, certamente, a caminhar a pé e conhecer mais sobre os monumentos dos séculos 18 e 19. Por iniciativa de um grupo de empresários, que tem o apoio da Associação Comercial de Ouro Preto (Aceop) e autorização da prefeitura local, o trecho do Centro Histórico foi fechado aos veículos. Em Minas, Tiradentes, na Região do Campo das Vertentes, já adota medida semelhante nos fins de semana para fomentar o turismo e preservar o casario dos tempos coloniais.
Enquanto os empresários se mobilizam, o Legislativo demarca seu espaço. A Câmara Municipal aprovou projeto de lei que estabelece a interdição, de forma alternada e aos domingos, das ruas São José e Getúlio Vargas, no Centro, e Bernardo de Vasconcelos e Praça do Antônio Dias, no Bairro Antônio Dias, no Centro Histórico. Com a iniciativa, quer criar trechos livres para lazer, cultura e entretenimento.
De autoria do vereador Chiquinho de Assis, com assinatura do também parlamentar Alysson Gugu, o projeto de lei, já discutido em audiência pública, seguirá para sanção do prefeito José Leandro Filho. “Vai ser um domingo do lado Mocotó o outro do Jacuba”, diz Chiquinho de Assis, numa comparação bem-humorada com a rivalidade histórica nascida na Guerra dos Emboabas, no início do século 18, entre os bairros Antônio Dias, apelidado de Jacuba, área dos paulistas pioneiros, e do Pilar, conhecido como Mocotó, dos antigos portugueses. “Não haverá problema, pois teremos ruas dos dois lados, com alternativa dos locais. Além disso, pesquisas mostram que o turista vai embora no domingo e, com o novo atrativo, poderia ficar mais um tempo na cidade”, observa.