Jornal Estado de Minas

Parklets ganham espaço e caem no gosto de Belo Horizonte

Em meio ao movimento acelerado de carros e ao vaivém de pedestres em áreas agitadas da capital, o belo-horizontino passou a ter novos espaços para relaxar, bater papo, ouvir música, ler, encontrar amigos, se divertir ou apreciar a paisagem. As varandas urbanas, como vêm sendo chamadas as minipraças do projeto BH Parklets – de instalação de espaços de convivência rentes à calçada, em vagas de estacionamento – já estão montadas em três pontos da capital, com previsão de novo endereço já na semana que vem. Depois de o primeiro modelo definitivo ser montado na Rua Goitacazes, há um mês, foram inauguradas ontem as varandas urbanas das ruas Paraíba, na Savassi, e Sapucaí, no Bairro Floresta, este com vista para a Praça da Estação e o Centro da cidade. Na semana que vem, será a vez de a Avenida Bandeirantes ganhar uma unidade, entre as ruas Ribeiro Junqueira e Júlio Vidal.

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A novidade que faz sucesso em cidades da Europa e teve seu conceito originado em São Francisco, nos Estados Unidos, caiu no gosto dos mineiros. As duas inaugurações de ontem foram marcadas por atrações culturais e diversão entre grupos de amigos e famílias. “Achei a ideia ótima. A cidade é carente de espaços urbanos como este, em que se pode ficar à vontade e ao ar livre. Estou adorando”, contou Luciana Faria, que visitou ontem o parklet da Rua Paraíba com as amigas Sueli Janones e Daça Mendonça, todas três de 59 anos.
Para elas, o projeto só tem a somar na cidade. “À exceção das praças e bares, é difícil achar um lugar para sentar ou encontrar amigos. O projeto é muito bom”, confirmou Sueli, enquanto Daça lembrou que a tendência, assim como na Europa, é cada vez mais de compartilhamento dos espaços públicos. As três viram o anúncio na inauguração em uma rede social e foram conferir a novidade e a programação musical.

Um dos responsáveis pela implantação da unidade é o empresário Alexandre Horta, sócio-proprietário do Deck Bar, em frente à varanda com estrutura de madeira, jardim, wi-fi e ponto de energia. A aposta no projeto, segundo ele, está atrelada à ideia de aumentar o uso público dos espaços urbanos. “Nos interessamos já na época do lançamento do edital, porque vimos que poderíamos ajudar a arejar esta região”, afirma. Segundo ele, o investimento para instalação da estrutura foi de R$ 20 mil.
“Nosso objetivo não é ter retorno financeiro, mas contribuir para o bem comum da cidade”, disse. Segundo ele, mesmo antes da inauguração, com a estrutura em fase de acabamento, muitas pessoas já estavam usando o espaço para ler, se encontrar e descansar.

Na prática, o projeto BH Parklets funciona assim: a prefeitura licencia a estrutura a pedido de representantes da iniciativa privada, que é responsável pelo custeio da instalação. De acordo com o idealizador do projeto, Luamã Lacerda, mesmo com o financiamento e divulgação da marca não há vínculo comercial, ou seja, as pessoas que usam o espaço não têm obrigatoriedade de consumir no estabelecimento. “Não há restrição de atendimento a quem estiver sentado e queira consumir. Mas qualquer pessoa pode usufruir do espaço, a qualquer hora, porque o local é público”, explica Luamã.

Segundo ele, as varandas urbanas já existem em São Paulo, Fortaleza e Porto Alegre. O projeto experimental foi montado na cidade em 9 de maio, quando uma minipraça funcionou por um dia na Rua Antônio de Albuquerque, no cruzamento com a Rua Sergipe, na Savassi. De acordo com o secretário municipal adjunto de Planejamento Urbano, Leonardo Castro, a tendência é de ampliação das varandas, que tiveram ótima aceitação das pessoas e interesse dos empreendedores. “Além das quatro prontas, mais duas estão aprovadas e há interesse da iniciativa privada para instalação de outras seis.
A proposta é que 20 varandas estejam instaladas até o fim do ano”, afirmou.

ADEPTOS FIÉIS No Centro, onde a varanda foi montada na Rua Goitacazes, entre as ruas Rio de Janeiro e Espírito Santo, o projeto já ganhou adeptos fiéis. Moradores da via há 15 anos, o casal de aposentados Lúcia Sartori Sena, de 70, e José Sena reis, de 72, comemora a implantação do espaço em um ponto tão movimentado da cidade. “Em todo esse tempo, vimos algumas mudanças positivas, como a retirada dos camelôs e a redução dos assaltos. Mas este projeto é uma das melhores iniciativas, pois oferece entretenimento para quem mora na região”, afirma José. Sua mulher também elogia. “A gente vem pra cá, lê, descansa, aprecia a cidade”, disse. Dono da loja Ortobom, que banca a instalação, o empresário e vice-presidente de Educação da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Marcos Ineco, fala do sucesso do projeto. “As pessoas entram na loja para elogiar e agradecer. O resultado tem sido muito positivo”, disse..