Jornal Estado de Minas

Paciente denuncia falta de soro antirrábico em BH e secretaria confirma desabastecimento

Uma moradora de Belo Horizonte denunciou hoje ao em.com.br que não conseguiu ser atendida no Hospital João XXIII durante a noite deste domingo devido a falta de soro antirrábico. Conforme relatou à reportagem, Luciana Martins Lopes, foi atacada por um gato na rua e precisou ir ao médico. No Hospital Mater Dei, ela foi atendida e orientada a tomar uma vacina e o soro, que estaria disponível no João XXIII. Porém, após esperar por duas horas, foi informada que o hospital não contava com o material.

“A vacina só tem efeito depois de uns vinte dias, porque antes disso o soro é que faz a proteção, agindo como um antídoto. Como a ferida da mordida já estava infeccionada, era considerado um caso grave. Fui até o HPS e, após quase duas horas de espera, me informaram que eles não tinham o soro e que a Secretaria de Saúde não está enviando. Fizeram um relatório com o pedido do médico e todos meus dados para enviar para secretaria e quando receberem eles entrariam em contato comigo. Isso é um absurdo”, disse.

O medo de Luciana se deu em virtude de o gato que a atacou ser um animal que vive nas ruas da cidade e não há como monitorá-lo.
“E se ele estiver doente? Como pode um pronto socorro referência em atendimento não ter um soro antirrábico?”, questionou.

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou que o desabastecimento do soro anti-rábico é um problema que está sendo enfrentado por Minas e outros estados e que o Ministério da Saúde é o responsável pela aquisição e distribuição do soro aos estados.

Em relação à situação da paciente que compareceu ao hospital João XXIII, a Secretaria informou que o soro já chegou ao hospital e foi feito contato com a paciente na parte da manhã para que ela comparecesse ao hospital. Novo contato foi realizado agora de tarde, já que ela ainda não havia retornado à unidade para ter acesso ao soro. Esclarecemos que o soro pode ser tomado até sete dias após o contato com o animal, mas se configura um complemento à essas ações .

A Secretaria de Saúde recomendou, ainda, que as unidades adotem o esquema vacinal completo, que são cinco doses (a primeira no dia do acidente, seguida de doses no 3º, 7º 14º ou 21º dias). Outra recomendação é vigiar o animal agressor por 10 dias após a exposição. Se ele permanecer sadio, o caso pode ser encerrado. O soro se configura um reforço a essas ações em casos considerados graves.

Em novo contato com a paciente, a reportagem apurou que a nova arremessa do soro antirrábico pode não ser o suficiente para muitos dias. “Um funcionário do hospital me disse que chegaram apenas 20 ampolas do material, sendo que, em média, cada pessoa precisa tomar 2 a 3 três frascos do soro”, disse Luciana.


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