Controlar o consumo de água do próprio apartamento para não pagar pelo abuso de vizinhos e ter a certeza de que está economizando em um momento de crise. Essa é a intenção de moradores da Região Metropolitana de Belo Horizonte, que estão buscando individualizar a medição da água que gastam em seus prédios. Segundo a Copasa, em todo o ano passado, 2.307 hidrômetros individuais foram instalados em condomínios da Grande BH. De 1º de janeiro até anteontem, 3.622 já tinham sido contabilizados, um aumento de 57%, mesmo faltando ainda cinco meses para o fim do ano. O consumidor que tiver interesse precisa procurar uma empresa especializada, pois a companhia de saneamento não faz o serviço. Em Minas Gerais, o movimento é bem parecido (veja quadro). Para especialistas, a medida ajuda a aumentar a economia de água e afastar a adoção de mecanismos de contingência, como o racionamento.
Segundo uma das empresas ouvidas pela reportagem, em 70% dos apartamentos atendidos que optaram por fazer a própria leitura, o consumidor pagava mais do que realmente consumia. “Os outros 30% pagavam bem menos por consumir bastante, mas quando começam com a medição individual acabam sendo forçados a economizar”, diz o dono da firma, Rony Rossi.
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O mestre em recursos hídricos pela UFMG José Magno Senra Fernandes avalia que esse tipo de modificação ajuda os consumidores a economizar. Consequentemente, isso pode contribuir para evitar a adoção de mecanismos de contingência, como o racionamento, inicialmente previsto para maio e postergado à medida que a população vem economizando, mesmo que abaixo da meta estipulada, e por conta das chuvas satisfatórias do fim do período chuvoso. Outro fator que contribui para afastar a medida drástica é o programa Caça Gotas, que reduziu o tempo de atendimento médio a vazamentos de nove horas pela metade, passando para quatro horas e 31 minutos. Recentemente, a Copasa também desistiu da sobretarifa, o pagamento adicional na conta para quem não economizasse. “Quando o dono daquela água está pagando diretamente por ela, certamente, o interesse de reduzir o consumo será muito maior. No bolo de um condomínio, o efeito financeiro se dá ao contrário e não há um incentivo para economizar”, afirma o especialista.
COMO FUNCIONA
Hidrômetro coletivo
Um equipamento é instalado na entrada de água do prédio e o consumo é medido com base nesse aparelho. A conta é dividida entre os moradores de acordo com a convenção do condomínio. Normalmente, unidades maiores, como coberturas, pagam um percentual maior.
Mudança para hidrômetro individual
Uma das possibilidades é instalar um hidrômetro em cada registro do apartamento. Na tecnologia mais recente, esse equipamento tem comunicação por radiofrequência, que possibilita a leitura pelo lado de fora do edifício.
Com um software de computador, a empresa responsável pela gestão dos dados envia aos síndicos as contas de cada apartamento, já especificando o consumo total medido no hidrômetro coletivo, o consumo individual e o rateio da parte comum, batendo com o total especificado pela Copasa para todo o prédio..