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Estado de Minas

Acidentes diminuem nas BRs 040 e 381, mas número de mortes aumenta

Para especialista, pouca fiscalização contribui para problema. PRF culpa alta velocidade


postado em 01/08/2015 06:00 / atualizado em 01/08/2015 07:10

Trecho da BR-040, perto de Itabirito, na Região Central: rodovia federal é uma das quatro que tiveram menos acidentes e mais óbitos(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A PRESS)
Trecho da BR-040, perto de Itabirito, na Região Central: rodovia federal é uma das quatro que tiveram menos acidentes e mais óbitos (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A PRESS)

As duas rodovias federais mais movimentadas de Minas Gerais registraram no primeiro semestre de 2015  fenômeno que preocupa autoridades e especialistas. Tanto nos trechos mineiros da BR-040 como da BR-381, o número de acidentes despencou na comparação com o mesmo período do ano passado, mas as mortes aumentaram. Na 040, o 1º semestre de 2015 fechou com 1.566 batidas, número 27,5% menor que nos seis primeiros meses de 2014, quando houve 2.160 colisões. Em contrapartida, houve 109 mortes, contra 101. A situação se repete na 381, onde foram registrados 2.755 acidentes de janeiro a junho deste ano, queda de 31,18% em relação ao primeiro semestre de 2014. O número de mortes, porém, subiu de 112 para 117. Especialistas acreditam que a situação indica problemas de fiscalização, mas a Polícia Rodoviária Federal (PRF) atribui o fato a melhorias de condições das pistas, que permitem maior velocidade e, consequentemente, resultam em batidas mais graves.

No caso da BR-040, os dados do primeiro semestre de 2015 contemplam um trecho totalmente concedido à iniciativa privada. O segmento que vai desde a divisa de Minas Gerais com Goiás até a divisa de Minas com o Rio de Janeiro está entregue aos cuidados de duas concessionárias, a Via-040, dona da maior parte, e a Concer, responsável pelo trecho entre Juiz de Fora, na Zona da Mata, e o Rio de Janeiro, que tem 55 quilômetros de extensão e já está duplicado desde 2009. Já a parte sob responsabilidade da Via-040, de Juiz de Fora a Brasília (936 quilômetros de extensão), ainda espera pela duplicação de 557 quilômetros. Só 10% dessas obras foram realizadas, a maioria em Goiás, o necessário para iniciar a cobrança do pedágio em nove das 11 praças. Nas obras previstas para o segundo ano de concessão, que vai de abril de 2015 a abril de 2016, não há previsão de duplicar nenhum quilômetro em Minas, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Todas as obras estão localizadas em Goiás. Os mineiros devem ver obras no estado para diminuir a letalidade dos acidentes apenas a partir do terceiro ano de trabalho da empresa.

Para o professor da UFMG Ronaldo Guimarães Gouvêa, especialista em engenharia de transportes, a privatização pode ajudar a entender uma situação de lacunas na fiscalização, o que abre caminho para condutas imprudentes e mais letais na hora de um acidente. “Essa situação das duas rodovias sinaliza um problema de falta de fiscalização, o que abre caminho para a presença maior dos motoristas imprudentes. E, no momento em que a rodovia começa a ser administrada pela concessionária, tenho a impressão de que a PRF diminuiu um pouco a atuação. Para inibir a conduta causadora de acidentes graves, que são a ultrapassagem forçada e o excesso de velocidade, o certo é a presença constante de viaturas”, afirma o professor.

O inspetor Aristides Júnior, assessor de comunicação da PRF em Minas, discorda. Ele sustenta que a presença de concessionárias em rodovias causa um efeito contrário daquele apontado pelo especialista. “Quando uma rodovia é administrada pela iniciativa privada nossa efetividade aumenta, pois temos muito mais informação sobre o que está acontecendo no trecho e também temos uma liberação maior de nossas viaturas, que não precisam fazer mais as funções que hoje são assumidas pela empresa”, afirma Júnior.

Imprudência O inspetor atribui a maior letalidade das BRs 381 e 040 ao fato de melhorias recentes principalmente na BR-040, o que encoraja mais os motoristas a aumentar a velocidade e, consequentemente, aumentar também a gravidade das batidas. “É importante lembrar que a maior parte dos acidentes não tem vítimas. Infelizmente, quando as rodovias melhoram as pessoas se sentem mais seguras e as batidas com vítimas ficam mais violentas. Por isso o radar se torna tão necessário”, completa.

Segundo a Concer, concessionária que administra 55 quilômetros da BR-040 entre Juiz de Fora e a divisa de Minas com o Rio de Janeiro, os acidentes nesse trecho caíram 180 para 175 na comparação entre os primeiros semestres de 2014 e 2015. As mortes também diminuíram, de três para duas no mesmo período. A empresa ainda informa que instalou cinco radares no trecho mineiro, que estão multando desde fevereiro deste ano. “Desde então, observamos uma redução média de 41% no número de acidentes nesses trechos eletronicamente fiscalizados”, afirma a empresa.

A Via-040, responsável pelos 760 quilômetros restantes da BR-040, diz que começou as operações rodoviárias no trecho em 22 de outubro do ano passado, razão que impede a companhia de fazer comparação entre os dois períodos observados. A Autopista Fernão Dias, que administra o trecho da 381 entre BH e São Paulo, admite que em seu segmento também houve aumento de mortes e redução de acidentes e atribui a situação a “alguns acidentes com múltiplas vítimas”, informou a assessoria.

Além da 381 e da 040,  as BRs 459 e 364 também registraram no primeiro semestre redução de acidentes e aumento no número de mortes. Na BR-365, houve queda do total de batidas, mas o número de óbitos se manteve. Todas as outras 12 rodoviais federais que cortam Minas tiveram queda nas estatísticas de colisões e mortes, o que teve impacto direto no quadro geral. No primeiro semestre de 2014, 585 pessoas perderam a vida nas federais mineiras. Este ano, houve 499 óbitos, queda de 15%.


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