A morte do leão Cecil no Parque Nacional de Hwange (Zimbábue) sensibilizou pessoas em todo o mundo para a importância de proteger os felinos. Um dos mais famosos leões da África, Cecil foi atraído e morto com flechas e tiros por um dentista norte-americano. Em Minas, onde leões são mantidos em cativeiro em zoológicos, há ativistas contrários à manutenção dos animais nesses espaços e a recente transferência de responsabilidade sobre a fauna da esfera federal para a estadual levanta dúvidas sobre a fiscalização das condições dos felinos.
Com a promulgação da Lei 4.787/13, que proibiu em Minas a manutenção e a apresentação de animais em espetáculos circenses, os leões foram transferidos para zoológicos. O leão Sansão, último a permanecer em um circo no estado, foi levado para um zoológico no Espírito Santo (veja Como Ficou). Nem o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) nem o Instituto Estadual de Florestas (IEF) souberam informar quantos leões há em cativeiro em Minas. Recentemente, houve transferência de responsabilidade de fiscalização e cuidado da fauna em Minas do órgão federal para o estadual.
Ativistas têm dúvidas sobre as vantagens dessa transferência. “O Ibama tem mais técnicos e competência para tratar de animais exóticos, como o leão”, defende Franklin Oliveira, coordenador do núcleo Fauna e Defesa Nacional, grupo que reúne ONGs defensoras dos direitos dos animais.
O comerciante Lauro Palhares se apresenta como o maior criado de leões do Brasil. Ele criou em cativeiro 32 animais. Segundo lembra, o primeiro casal foi comprado de circos. Os outros nasceram e foram criados em sua propriedade particular em Pará de Minas. Sem revelar o quanto gastava para cuidar dos felinos, ele garantiu que era possível graças a parcerias para alimentá-los com granjas da cidade. “Muitos foram vacinados e levados para a África”, diz.
A ativista Adriana Araujo, que integra o Movimento Mineiro pelos Direitos Animais, também é contrária à criação dos leões em cativeiros. “Os zoológicos não têm nada de educativos”, critica. Para defender a tese, Adriana lembra que, em 2011, dois leões morreram em Pouso Alegre, no Sul de Minas, vítimas de maus-tratos. Uma das principais articuladoras do movimento em apoio à Lei 4.787/13, Adriana atua para a aprovação no Congresso Nacional do substitutivo ao projeto 7.291/06, que proíbe o emprego de animais da fauna silvestre brasileira e exótica na atividade circense. Atualmente, 14 estados já sancionaram leis proibitivas.
Solidão Em BH, Simba, uma das maiores atrações do Jardim Zoológico, morreu há três meses de insuficiência renal e deixou a companheira Rhana sozinha. A criançada é a primeira a notar a solidão da leoa, de 10 anos.
Como ficou?
Sansão, atração de circo
Animal está em zoo do Espírito Santo
O leão Sansão, de 8 anos, foi, até o ano passado, a principal atração do Circo D’Toros D’La Paz, que viajava pelo interior de Minas. Devido à sanção da Lei 4.787/13, o felino foi resgatado pelo Ibama. Depois de inúmeras buscas, o órgão encaminhou Sansão para um zoológico particular em Marechal Floriano (ES). O antigo dono de Sansão, Geraldo Ésio de Sousa Lima, de 50, diz que o animal era muito bem tratado em seu circo, mas admite que o felino está em melhores condições no zoo.“Fiquei muito satisfeito com o local onde o Sansão está. Eles me chamaram lá, porque ele estava urrando muito.