Jornal Estado de Minas

Ativistas em Minas defendem a saída de leões de zoológicos e a criação de santuários

- Foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press 30/1/12
A morte do leão Cecil no Parque Nacional de Hwange (Zimbábue) sensibilizou pessoas em todo o mundo para a importância de proteger os felinos. Um dos mais famosos leões da África, Cecil foi atraído e morto com flechas e tiros por um dentista norte-americano. Em Minas, onde leões são mantidos em cativeiro em zoológicos, há ativistas contrários à manutenção dos animais nesses espaços e a recente transferência de responsabilidade sobre a fauna da esfera federal para a estadual levanta dúvidas sobre a fiscalização das condições dos felinos.


Com a promulgação da Lei 4.787/13, que proibiu em Minas a manutenção e a apresentação de animais em espetáculos circenses, os leões foram transferidos para zoológicos. O leão Sansão, último a permanecer em um circo no estado, foi levado para um zoológico no Espírito Santo (veja Como Ficou). Nem o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) nem o Instituto Estadual de Florestas (IEF) souberam informar quantos leões há em cativeiro em Minas. Recentemente, houve transferência de responsabilidade de fiscalização e cuidado da fauna em Minas do órgão federal para o estadual.


Ativistas têm dúvidas sobre as vantagens dessa transferência. “O Ibama tem mais técnicos e competência para tratar de animais exóticos, como o leão”, defende Franklin Oliveira, coordenador do núcleo Fauna e Defesa Nacional, grupo que reúne ONGs defensoras dos direitos dos animais.

Oliveira defende que leões não sejam mantidos nem em zoológicos. Para ele, o ideal seria a criação de santuários – ambientes parecidos com o habitat natural dos felinos.


O comerciante Lauro Palhares se apresenta como o maior criado de leões do Brasil. Ele criou em cativeiro 32 animais. Segundo lembra, o primeiro casal foi comprado de circos. Os outros nasceram e foram criados em sua propriedade particular em Pará de Minas. Sem revelar o quanto gastava para cuidar dos felinos, ele garantiu que era possível graças a parcerias para alimentá-los com granjas da cidade. “Muitos foram vacinados e levados para a África”, diz.

Em 2007, Palhares tentou estabelecer uma parceria com a prefeitura da cidade para que sua propriedade fosse transformado em zoológico municipal. Na época, eram 10 felinos. No entanto, sem conseguir recursos, o projeto não foi concluído e os leões que restavam foram recolhidos pelo Ibama.


A ativista Adriana Araujo, que integra o Movimento Mineiro pelos Direitos Animais, também é contrária à criação dos leões em cativeiros. “Os zoológicos não têm nada de educativos”, critica. Para defender a tese, Adriana lembra que, em 2011, dois leões morreram em Pouso Alegre, no Sul de Minas, vítimas de maus-tratos. Uma das principais articuladoras do movimento em apoio à Lei 4.787/13, Adriana atua para a aprovação no Congresso Nacional do substitutivo ao projeto 7.291/06, que proíbe o emprego de animais da fauna silvestre brasileira e exótica na atividade circense. Atualmente, 14 estados já sancionaram leis proibitivas.


Solidão
Em BH, Simba, uma das maiores atrações do Jardim Zoológico, morreu há três meses de insuficiência renal e deixou a companheira Rhana sozinha. A criançada é a primeira a notar a solidão da leoa, de 10 anos.

Ela caminha por toda a extensão da jaula sem ter com quem brincar. O chefe da seção de Veterinária da fundação, Herlandes Tinoco, conta que tentou todos os tratamentos para melhorar o quadro de saúde de Simba, mas o leão não resistiu. “A partir dos 15 anos, os leões já são considerados idosos e sofrem com artrite, insuficiência renal e outros problemas de saúde”, diz. Simba tinha 17. A reportagem entrou em contato com o Ibama, na unidade estadual e Em Brasília, mas não obteve resposta sobre a situação dos leões no estado. O IEF informou que ainda não havia recebido os processos do Ibama, por isso não teria também como informar.

 

Como ficou?


Sansão, atração de circo
Animal está em zoo do Espírito Santo 



O leão Sansão, de 8 anos, foi, até o ano passado, a principal atração do Circo D’Toros D’La Paz, que viajava pelo interior de Minas. Devido à sanção da Lei 4.787/13, o felino foi resgatado pelo Ibama. Depois de inúmeras buscas, o órgão encaminhou Sansão para um zoológico particular em Marechal Floriano (ES). O antigo dono de Sansão, Geraldo Ésio de Sousa Lima, de 50, diz que o animal era muito bem tratado em seu circo, mas admite que o felino está em melhores condições no zoo.“Fiquei muito satisfeito com o local onde o Sansão está. Eles me chamaram lá, porque ele estava urrando muito.

Expliquei que Sansão só come carne de boi e não pode ser a carne de um dia para o outro”, afirmou.

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