Leia Mais
Risoleta Neves e Hospital das Clínicas reduzem leitos e cancelam cirurgias por falta de material Homem é executado com oito tiros dentro de hospital na Região Norte de Belo Horizonte Polícia divulga retratos de quadrilha procurada por invadir hospital e matar pacienteDupla invade hospital de BH para assaltar pacientesServidores da saúde temem novas invasões de criminosos a hospitaisA dona de casa Maria Antônia de Almeida Félix, de 58 anos, conta que no momento dos tiros acompanhava a filha, que estava dando à luz. “Um total desespero. As enfermeiras correram para o quarto onde a gente estava, fechando as portas e gritando para chamar a polícia. Fiquei assustada também”, lembra Maria Antônia.
O açougueiro Jaime Carlos da Silva, de 45, estava no segundo andar do prédio, cochilando ao lado da mulher, que havia ganhado bebê, e foi acordado por ela aos gritos. “É tiro, é tiro, é tiro, minha mulher gritava”, disse o açougueiro. “Graças a Deus os bandidos não foram ao segundo andar. Havia um tanto de recém-nascidos e várias mães com pontos na barriga, sem defesa nenhuma”, disse Jaime.
O autônomo Marcelo Augusto dos Santos, de 30, que também acompanhava a mulher, é amigo de um enfermeiro do hospital e soube por ele que os criminosos já sabiam onde a vítima estava. “Renderam o vigia e o porteiro e foram direto ao quarto andar, onde estava o rapaz que foi morto.
Funcionários do hospital também estão assustados e com medo de trabalhar até durante o dia. “O risco que a gente corre lá fora é o mesmo aqui dentro. A gente entra para trabalhar e entrega a vida a Deus”, disse uma funcionária do laboratório, que pediu para não ser identificada.
De acordo com o boletim de ocorrência da PM, dois criminosos permaneceram na portaria, próximo aos elevadores, mantendo reféns o vigia e o porteiro. Outros dois subiram pelas escadas. Os criminosos disseram para ficarem tranquilos, pois eles estavam ali para resolver uma “rixa entre bandidos”.
Uma testemunha informou à PM que ouviu um dos bandidos conversando ao telefone. “Tá dominado”, teria dito. Em seguida, os outros que haviam subido as escadas desceram correndo.
Jackson Douglas deu entrada no hospital na segunda-feira com cinco tiros. Ele deixava a casa da sua mãe, no Bairro Dona Clarice, em Ribeirão das Neves, na Grande BH, acompanhado de uma mulher, um garoto de 8 anos e um homem identificado por Pablo Hernandes Vieira da Costa. O carro dele, um Honda Fit prata, foi alvejado com vários tiros disparados de dentro de um carro branco. Pablo tentou fugir e foi morto com nove tiros. Jackson levou um tiro no pé, um na coxa, dois no abdome e um no joelho e levado para o Risoleta Neves.
INSEGURANÇA
O Hospital Risoleta Neves repassou as imagens das câmaras de segurança à Polícia Civil. Segundo a assessoria da instituição, no momento da invasão, apenas o vigia e o porteiro estavam na portaria social.
A diretoria do hospital informou que pretende se reunir esta semana com a Polícia Militar para reforço no policiamento externo. A instituição recebe pacientes de outros municípios, muitos envolvidos com crimes. “Há um posto de atendimento da Polícia Civil na portaria de emergência e a segurança será reforçada na outra portaria, que fica mais deserta de madrugada”, informou o hospital. Não há revista pessoal ou detectores de metal.
Ainda de acordo com o hospital, o paciente morto estava sem escolta por ter sido levado pela mulher. “Nesse caso específico, o hospital não tem obrigação de acionar a polícia para garantir o sigilo médico do paciente, conforme regras estabelecidas pelo Conselho Médico”, informou o Risoleta Neves.
O comandante do 13º BPM, tenente-coronel Eduardo Domingues Barbosa, informou que o paciente morto tinha passagens por tráfico de drogas e porte de armas. E confirmou que ele foi vítima de tentativa de homicídio no dia 27, quatro dias depois de sair da prisão, onde cumpriu pena por tráfico. “Ele era de Ribeirão das Neves, onde atuava no comércio de drogas”, disse Domingues. “Com certeza, um desafeto o esperou sair da cadeia. Não deu muito certo, viram que ele iria se recuperar e foram ao hospital terminar o serviço”, disse o oficial.
Segurança reforçada no entorno
Segundo o tenente-coronel, a escolta policial de presos em hospitais é feita apenas quando o paciente está preso ou com mandado de prisão em aberto.
O militar afirmou também que o efetivo de sua unidade é pequeno, mas vai reforçar o policiamento no entorno. “Não falta policiamento no bairro, mas realmente a gente não consegue estar presente em todos os lugares ao mesmo tempo. A segurança 24 horas tem que ser mantida pelo próprio hospital”, afirmou. Segundo ele, a região é uma das mais policiadas por causa do hospital, um shopping e estações do Move e do metrô. .