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Estado de Minas

Devastação agrava a falta de água no Norte de Minas Gerais


postado em 03/08/2015 06:00 / atualizado em 03/08/2015 07:32

Ambientalista Eduardo Gomes mostra pinturas rupestres no sítio arqueológico de Gigante, ameaçado por degradação(foto: Manoel Freitas/Divulgação)
Ambientalista Eduardo Gomes mostra pinturas rupestres no sítio arqueológico de Gigante, ameaçado por degradação (foto: Manoel Freitas/Divulgação)

O ambientalista Eduardo Gomes, diretor-executivo do Instituto Grande Sertão, afirma que o desmatamento acelerado agravará a falta de água no Norte de Minas, região historicamente castigada pela seca. “Sem a cobertura vegetal, aceleram-se os processos de erosão, com perda de solos orgânicos, carreamento e assoreamento de nascentes, várzeas, córregos e rios. Isso gera um efeito cascata catastrófico: a água deixa de ser absorvida mais lentamente, não repondo os lençóis freáticos que, consequentemente deixam de abastecer nascentes e cursos d água”, alerta.

“Sendo inevitável o corte de mata nativa, deveria haver critérios mais rigorosos de análise, além de limitar extensões contínuas, mantendo corredores ecológicos em maior quantidade e interligados às áreas de proteção permanente (APPs) ou reservas legais”, diz o ambientalista. Ele ressalta que com essas limitações, o desmatamento da vegetação natural seria gradualmente desestimulado.

Os efeitos devastadores do desmatamento nos cursos d’água são sentidos no Rio Gorutuba, um dos mais importantes do Norte de Minas. Ele já está completamente seco perto da sua nascente, no distrito de Catuni, em Francisco Sá. “O principal impacto do desmatamento é o assoreamento. Como não existe cobertura vegetal, todos os sedimentos são carreados para o leito do rio”, descreve Aroldo Cangussu, presidente do Comitê de Bacia do Gorutuba. Ele afirma que o manancial foi muito atingido pela derrubada da vegetação nativa para dar lugar à monocultura de eucalipto em topos de morro (áreas de recarga) próximo da nascente, além de sofrer agressões com a derrubada da mata ciliar. “Mais de 60% da mata ciliar do Gorutuba foi suprimida”, declara Cangussu.


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